Cláudio Castro chama de erro de informação repasses revelados por Bolsonaro
Governador em exercício do Rio de Janeiro diz que a declaração do presidente foi dada em péssima hora e tem imprecisão
O governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC), disse que a informação de que o Rio de Janeiro teria recebido R$ 76 bilhões em repasses do governo federal não é inteiramente verdadeira.
“Olha, eu acho que tem um erro de informação ali. A gente tem que entender o que é transferência obrigatória e o que é transferência do governo federal. Eu transfiro 25% do ICMS e uma parte do IPVA para os municípios e nem por isso eu estou dando dinheiro para o município. Aquilo é um direito dele. Eu acho que ali quem pegou a conta quis aumentar o bolo, até de uma forma precoce e até um pouco irresponsável, porque parece que os governos estão nadando em dinheiro e isso não é verdade. Está misturado fundo de participação de estados, fundo de participação de município, Fundeb, SUS”, declarou depois da cerimônia de lançamento da festa de 90 anos do Cristo Redentor.
Segundo Castro, não seria possível o Rio ter recebido esse montante. “É uma conta que não faz o menor sentido. Com certeza vem em péssima hora, parece que gera mais uma carga de briga e de confusão. Espero que a gente possa não ter mais divulgações como essa que só causam briga e, com certeza, separam num momento que a gente tem que estar trabalhando unido”, completou.
A CNN mostrou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro da Comunicação, Fábio Faria (PSD-RN), escreveram em suas redes sociais que o governo federal destinou cerca de R$ 600 bilhões para os estados investirem na área de saúde no ano passado. Segundo a postagem, São Paulo foi o estado que mais recebeu: R$ 135 bilhões em repasse obrigatório e R$ 55,19 bilhões em auxílio. O segundo estado foi Minas Gerais, com R$ 81,4 bilhões obrigatórios e R$ 26,9 bilhões em auxílio. O terceiro da lista é o estado do Rio de Janeiro, que recebeu R$ 76 bilhões em repasses e R$ 24,94 bilhões em auxílio.
Cláudio Castro não está sozinho. Segundo apurou o âncora da CNN, Daniel Adjuto, ele e outros 17 governadores reagiram à postagem do presidente sobre os repasses. O grupo divulgou uma carta que afirma que os valores apresentados pelo presidente são repasses obrigatórios previstos na Constituição.
“Em meio a uma pandemia de proporção talvez inédita na história, agravada por uma contundente crise econômica e social, o Governo Federal parece priorizar a criação de confrontos, a construção de imagens maniqueístas e o enfraquecimento da cooperação federativa essencial aos interesses da população”, escreveram os governadores em um trecho do documento.