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    Cientista político vê inconsistências no discurso de Bolsonaro na ONU

    'Falar que o Brasil tem respeito incondicional pela legislação ambiental neste momento é, no mínimo, absurdo', afirmou especialista

    Jéssica Otoboni, , da CNN, em São Paulo

    O cientista político Guilherme Casarões disse à CNN que o discurso feito pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira (22) foi marcado por muitas inconsistências.

    “Houve várias inconsistências, para não dizer informações totalmente falseadas”, afirmou ele. “Falar que o Brasil tem respeito incondicional pela legislação ambiental neste momento é, no mínimo, absurdo.” Casarões se referiu à frase em que Bolsonaro disse que o agronegócio brasileiro “continua pujante e, acima de tudo, possuindo e respeitando a melhor legislação ambiental do planeta”.

    Para o cientista político, essa estratégia serve para deixar que o interlocutor entenda o que lhe convém entender. Como exemplo, ele citou a menção do presidente ao “derramamento de óleo venezuelano”, o qual não foi concluído por nenhuma investigação ou estudo até hoje, segundo Casarões.

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    O cientista político Guilherme Casarões
    O cientista político Guilherme Casarões
    Foto: Reprodução – 22.set.2020 / CNN

    “Esse tipo de sugestão não é 100% falsa, mas dá a entender que existe um inimigo, uma grande conspiração a qual lutar”, declarou o especialista.

    Outro ponto discutível, segundo ele, é a menção aos indígenas – de que os incêndios acontecem “onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência” –, a qual, para Casarões, “não faz sentido, dada a escala dos fogos que a gente observou”.

    ‘Não convenceu’

    O cientista ressaltou que o discurso de Bolsonaro “não convenceu”. “[Para] qualquer público bem informado que esteja acompanhando a imprensa nacional e internacional, muito do que ele falou realmente não convenceu.”

    Para Casarões, a fala do presidente, mais breve e concisa do que a habitual, voltou-se para o público internacional, mas também para sua própria militância, chegando a lembrar o tom de campanha eleitoral. 

    “Ao mesmo tempo que tem pontos muito agressivos, ou seja, de forte condenação de uma suposta campanha internacional para derrubar o governo e prejudicar o Brasil, por outro lado, ele foi muito defensivo”, explicou o cientista político, acrescentando que Bolsonaro passou muito tempo justificando críticas feitas dentro e fora do Brasil sobre políticas do governo.

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