Cid propôs R$ 100 mil para trazer pessoas para manifestação bolsonarista, diz investigação
Valor serviria para arcar com custos de manifestantes que viriam do Rio
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), propôs o valor de R$ 100 mil a um major do Exército para custear a participação de manifestantes nos protestos de apoio ao ex-presidente durante o feriado de Proclamação da República, em 15 de novembro de 2022, já após a derrota na eleição para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que autorizou uma ação contra Bolsonaro e aliados nesta quinta-feira (8), há a menção a uma troca de mensagens de 14 de novembro de 2022, obtida por investigadores, entre Cid e o major Rafael Martins de Oliveira.
O major do Exército Rafael Martins de Oliveira está entre os presos pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (8). Ele é um dos alvos da operação que investiga uma suposta ação organizada para promover uma tentativa de golpe de Estado e manter o ex-presidente no poder após a derrota nas eleições de 2022.
Martins argumentava que precisaria do dinheiro para arcar com custos. “O ajudante de ordens solicita que o mesmo [Martins] faça estimativa de custos com Hotel, Alimentação e Material, e pergunta se a quantia de R$ 100.000,00 (cem mil reais) é suficiente. Martins responde que sim e é orientado por Cid a trazer pessoas do Rio, provavelmente se referindo a cidade do Rio de Janeiro”, diz trecho da investigação citado na decisão de Moraes.
O antigo ajudante de ordens o orientou a trazer pessoas do “Rio”, não deixando claro se falava do estado ou da capital fluminense.
O major também participou de uma reunião em Brasília em 12 de novembro de 2022 junto a Mauro Cid e outros militares, que agora são investigados pela PF.
Na ocasião, segundo o documento assinado por Moraes, o encontro tinha o objetivo tratar assuntos “relacionados a estratégia golpista”, e aconteceu em um edifício residencial usado por militares que faziam parte do governo Bolsonaro.
Ainda segundo Moraes, tanto as conversas com Mauro Cid quanto outras informações da investigação da PF revelam indícios de que o major Rafael Martins atuou para “subverter o Estado Democrático de Direito”, direcionando os manifestantes que atacaram as sedes dos Três Poderes para os prédios do STF e do Congresso Nacional, além de ajudar na coordenação financeira e operacional dos ataques de 8 de janeiro.
A CNN tenta contatar as defesas de Mauro Cid e Rafael Martins.
*Sob supervisão de Leandro Bisa e Nathan Lopes