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    Cid lamentou não achar “bala de prata” contra urnas, mesmo com “infiltrados” e “hacker”

    Ex-ajudante disse ter recebido “muita denúncia” contra o sistema eleitoral, mas reconheceu que “99,9% das coisas” poderiam ser refutadas; delação serviu de base para operação da PF

    Tenente-coronel Mauro Cid em depoimento ao Senado
    Tenente-coronel Mauro Cid em depoimento ao Senado 11/07/2023 - Roque de Sá/Agência Senado

    Lucas Mendesda CNN

    Brasília

    Mensagens trocadas pelo tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mostram frustração por não encontrar provas irrefutáveis que apontassem possíveis fraudes no sistema eletrônico de votação.

    Em uma conversa por aplicativo de mensagem, Cid relatou que já tinha recebido hacker, pessoas da área de TI (tecnologia da informação) e “muita denúncia”, mas que nada tinha sido capaz de levar a alguma investigação sobre o funcionamento das urnas.

    “É complicado. E vou dizer: 99,9% das coisas, até agora, você consegue refutar”, disse o militar em uma das mensagens acessadas pela Polícia Federal (PF).

    Eu sou um dos mais interessados de encontrar alguma coisa, é… bala de prata para poder tocar à frente. O presidente também. É por isso a gente tá ouvindo todo mundo. Mas todo mundo. Inclusive tudo isso que você me mandou já, já tinha chegado por outros meios. E duas, três pessoas trazendo a mesma informação. É muita coisa, mas é muita coisa

    Mauro Cid

    As mensagens foram obtidas pela PF em investigação sobre suposta tentativa de golpe de Estado. Na conversa, feita em 3 de novembro de 2022, Cid enviou áudios fazendo relatos sobre as tentativas de desacreditar as urnas eletrônicas ao tenente-coronel Hélio Ferreira Lima.

    “Não, eu sei cara. A gente tá recebendo cara de TI, hacker. Cara, tem que ver o que a gente já montou aqui cara. É tudo. Assim, se esse hacker mostrar quem foi, por onde entrou e como entrou, pronto! Aí a gente tá ganho o jogo. Mas só que ninguém consegue mostrar isso”, disse Cid.

    “É muita denúncia. Não é pouca coisa não, é muita. É matemático, estatístico, PhD. Mas ninguém ainda chegou com uma coisa que fale, que consiga abrir uma investigação, entendeu? É complicado”, completou o ex-ajudante de ordens.

    As conversas constam em representação da PF ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado autorizou, nesta quinta-feira (8), uma operação contra Bolsonaro, aliados e militares que teriam atuado num plano para tentar um golpe de Estado.

    A operação teve como base a delação de Mauro Cid.

    “Tudo quanto é lugar”

    Em outro trecho das conversas, Cid fala que a quase totalidade das denúncias apresentadas têm explicação e que havia pessoas infiltradas “em tudo quanto é lugar” para passar informações, “refutando ou ajudando a instigar”.

    Realmente assusta, mas aconteceu por causa disso, disso, disso, né. A gente tem cara infiltrado em tudo quanto é lugar monitorando e passando pra gente as informações. Refutando ou ajudando a a a instigar né, digamos assim

    Mauro Cid

    Segundo a investigação, Cid, Hélio Ferreira e outros militares faziam parte de um “núcleo de desinformação e ataques ao Sistema Eleitoral” responsável por produzir, divulgar e amplificar notícias falsas e supostos estudos sobre a falta de lisura das eleições de 2022.

    Conforme escreveu o ministro Alexandre de Moraes em sua decisão, a atuação do grupo se dava na “potencialização do processo de propagação de desinformação para gerar descrédito contra o processo eleitoral brasileiro”.

    “A investigação também indica que as medidas direcionadas à propagação de desinformação e notícias fraudulentas para gerar descrédito do sistema eleitoral contaram com a ação coordenada pelo grupo criminoso para amplo uso de mecanismos de influência digital na profusão de ataques à Justiça Eleitoral, mediante a utilização de suas milícias digitais”, disse o ministro.