CGU investiga servidores da Abin que espionaram adversários de Bolsonaro e jornalistas
Dois servidores da Abin presos pela PF teriam coagido colegas para não serem demitidos, de acordo com investigação; processo administrativo na CGU poderá gerar demissões
A Controladoria Geral da União (CGU) conduz investigação que pode levar à demissão de servidores da Agência Brasileira de Investigação (Abin) suspeitos de espionagem ilegal. Nesta terça-feira, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), cinco servidores já foram afastados de suas funções.
A Polícia Federal também prendeu dois servidores porque, além de participarem do uso ilegal de sistema espião, teriam coagido seus colegas para não serem demitidos: Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Yzycky.
Com o avanço das investigações, o risco de demissão é iminente.
Desde março, a CGU assumiu a apuração que vinha sendo realizada pela corregedoria interna da Abin sobre vários agentes de inteligência. No caso dos servidores que foram presos nesta quinta-feira, os processos administrativos contra eles já estariam na Casa Civil, conforme apurou a CNN.
A lei que institui um sistema de inteligência no Brasil é de 1999. A Abin foi criada com intuito de colher informações de inteligência e fornecer subsídios para a Presidência da República, com a missão de preservar a soberania nacional, sem desrespeitar a democracia do país e a dignidade das pessoas. Em outras palavras, não são permitidos o uso de métodos secretos sem autorização da justiça — o que a CGU e a PF investigam.
A suspeita, porém, é de que servidores tenham usado a ferramenta, que oficialmente foi adquirida pelo governo brasileiro em dezembro de 2018, para invadir informações de, ao menos, 10 mil proprietários de celulares a cada ano, sem permissão judicial. Jornalistas, ministros do Supremo Tribunal Federal e adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estariam entre os alvos.