Caso joias: Bento Albuquerque se torna formalmente investigado
PF já colheu mais de 13 depoimentos na investigação da entrada ilegal das joias no Brasil
O ex-ministro de Minas e Energia do governo de Jair Bolsonaro (PL), Bento Albuquerque, se tornou formalmente investigado no inquérito da Polícia Federal (PF) que investiga a entrada não declarada de joias sauditas no Brasil. Com o avançar das investigações e mais de 13 depoimentos colhidos pela PF, Albuquerque passou de testemunha a investigado.
Em 14 de março, Albuquerque afirmou em depoimento à PF que as joias entregues em outubro de 2021 pela Arábia Saudita foram enviadas “sem direcionamento”. Ele também ressaltou que entendeu que recebeu os pacotes na qualidade de representante do governo brasileiro e que, assim, a destinação seria para a administração federal, mas que não houve direcionamento no país do Oriente Médio para quem as joias deveriam ir.
A alegação é que nem ele, nem seu assessor teriam conhecimento de que os presentes se tratavam de joias. O ex-ministro tinha dito, porém, ao jornal “O Estado de S. Paulo” que a interpretação dele é de que o primeiro pacote, com colar e brincos, seria para Michelle Bolsonaro, e que o segundo, contendo caneta e relógio, deveria ser para Jair Bolsonaro.
Perícia
Os peritos criminais federais do Instituto Nacional de Criminalística (INC) estão analisando, desde 10 de abril, o pacote de joias que estava retido na Alfândega do Aeroporto de Guarulhos (SP). Esse pacote foi entregue pela Receita Federal à PF no fim de março e foi transportado para Brasília, onde fica a sede do INC.
Segundo apurou a CNN, com peritos, o trabalho dessa perícia é para descrever a joia, avaliar a qualidade do material e dar um valor. É um trabalho minucioso, pois as pedras são analisadas uma a uma, de acordo com relatos ouvidos pela reportagem.
Não há prazo para o trabalho da perícia ser entregue, pois depende do estado das joias. O trabalho está sendo feito por dois peritos criminais federais, que analisam esse pacote com joias avaliadas em R$ 16,5 milhões.
Em 24 de março, o delegado Adalto Machado, da PF em São Paulo, responsável pelo inquérito que corre sob sigilo, pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU) para periciar também um outro pacote que estava no acervo pessoal do ex-presidente Jair Bolsonaro. A perícia nesse pacote ainda não começou, segundo apurou a reportagem.
A CNN procurou a defesa de Bento Albuquerque sobre ele se tornar investigado, mas o advogado preferiu não comentar.