Carta defende agenda para proteger ambiente e gerar empregos, diz Ricupero
Ex-ministro afirma à CNN que Brasil precisa de compromisso ambiental para poder atrair investimentos após a pandemia da Covid-19
Um dos signatários de uma carta escrita por ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central, Rubens Ricupero afirmou à CNN nesta terça-feira (14) que o documento não é contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas sim a favor da defesa de uma agenda de longo prazo para o país.
“Não é um documento de crítica a esse governo, é de longo prazo. Nós queremos influir para uma ação de longo prazo, de reconstrução da economia”, afirma Ricupero, que é diplomata de formação e ex-ministro da Fazenda e do Meio Ambiente.
Na análise do ex-ministro, a economia que emergirá nos próximos anos será cada vez mais focada no desenvolvimento sustentável e em baixas emissões de carbono.
Ricupero argumenta que o Brasil sairá da pandemia da Covid-19 com “investimento quase zero e desemprego altíssimo” e que, portanto, o país deveria seguir esse caminho para poder atrair aportes estrangeiros. “Seria a melhor maneira de atrair investimentos e gerar empregos, porque é nessa área que vai haver geração de empregos”, defende.
O diplomata criticou a posição do Ministério da Economia em resposta à carta, que enxerga que a atual situação do desmatamento na Amazônia não afetará a atração de recursos. “Dizer que isso não afugenta investidores estrangeiros parece coisa de humorista. É uma atitude de querer negar a realidade.”
Exército
O ex-ministro ainda criticou a atual condução da política ambiental, que neste ano passou a ser feita de forma mais ativa por militares, com a criação do Conselho da Amazônia, sob o comando do vice-presidente Hamilton Mourão, e a Operação Verde Brasil 2.
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“Apesar da mobilização das Forças Armadas, isso não deu certo. Isso não é culpa das Forças Armadas”, diz.
“Colocou-se lá o Exército, o Exército não entende disso. O que o Exército pode fazer e isso seria útil seria dar proteção aos fiscais do Ibama. O Exército gastou em um mês mais do que os fiscais do Ibama gastam um ano e sem resultado”, critica Ricupero.
(Edição: Paulo Toledo Piza).