Cármen Lúcia vota para tornar réus Jair Bolsonaro e mais sete denunciados
Durante o voto, ministra afirmou que o processo democrático brasileiro foi alvo de um “desmonte”


A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, votou, nesta quarta-feira (26), para tornar réu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os outros sete denunciados.
“Eu acho que a denúncia não é inepta, acho que os fatos típicos criminosos são narrados, os indícios de materialidade estão presentes […] Estou considerando apta a denúncia para ser recebida. Seria prematuro não receber, seria, na minha compreensão, o descumprimento do nosso dever. É para o país saber que estamos cumprindo nosso dever de dar sequência para a apuração devida, para instrução do processo e para um julgamento justo e democrático, porque felizmente o golpe não deu certo, temos democracia no Brasil e temos o Supremo atuando como sempre atuou. Voto portanto no sentido de receber a denúncia”, afirmou a ministra.
Cármen Lúcia foi a quarta a votar. No terceiro voto, que foi do ministro Luiz Fux, formou-se maioria para que os acusados pela PGR se tornem réus.
Além de Jair Bolsonaro, veja quem são os outros sete denunciados pela PGR:
- Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor-geral da Abin;
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha do Brasil;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal;
- Augusto Heleno, general e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- Mauro Cid, tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa;
- e Walter Braga Netto, general e ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, além de ter sido candidato a vice de Bolsonaro em 2022.
Durante o voto, a ministra também comentou sobre os atos antidemocráticos que ocorreram em 8 de Janeiro de 2023 e a materialidade da denúncia.
“Era impossível não ter sido planejado. Para quebrar o audiovisual do Supremo precisa de escada. Alguém planejou, alguém entrou, alguém executou. É preciso saber isso. Quem praticou precisa pagar pelo crime cometido”, disse a magistrada.
Cármen Lúcia também afirmou, nesta quarta-feira (26), que o processo democrático brasileiro foi alvo de um “desmonte”.
“O que é preciso é desenrolar do dia 8 [de janeiro de 2023] para trás, para a gente chegar a esta máquina que tentou desmontar a democracia, que é um fato”, afirmou.
“Para que mais uma vez o Brasil não tenha tentativa de golpe de Estado, para que essa máquina não continue a reverberar e explodir, como estão em alguns documentos. Não é inepta a denúncia porque ela descreve os indícios “, completou a ministra.