Câmara define estratégia para moderar atuação de Bia Kicis no comando da CCJ
Intenção é eleger um vice-presidente mais experiente e que possa assumir comando da comissão em sessões mais tensas


A Câmara dos Deputados prepara um sistema de “freios e contrapesos” interno para moderar a atuação da deputada Bia Kicis (PSL-DF) à frente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) – a parlamentar é investigada no Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito que apura a organização e financiamento de atos antidemocráticos.
O tom radical da deputada criou resistências à indicação para o comando do colegiado, o mais importante da Casa. A leitura de uma ala da Câmara é de que a escolha, referendada por 41 votos do colegiado contra 19 em branco, nesta quarta-feira, 10, terá como consequência uma espécie de “tutor”.
Um caminho de contenção de danos discutido é a escolha de um vice-presidente da CCJ com mais experiência nas negociações e trânsito entre os parlamentares. O objetivo é que, em sessões mais tensas, o escolhido, que só deve ser definido na próxima semana, possa assumir o controle da sessão caso Bia Kicis enfrente problemas para conduzir.
Segundo relatos feitos à CNN, a deputada também foi alertada pela cúpula da Câmara que, caso não tenha uma atuação equilibrada à frente do colegiado, o plenário pretende esvaziar o poder de atuação dela assumindo, por exemplo, as discussões sobre admissibilidade previstas na pauta da comissão.
A escolha de Bia Kicis para a função é parte de um acordo dentro do PSL. Para garantir que a 1ª secretaria da Mesa Diretora, uma espécie de prefeitura, fosse comandada pelo presidente nacional da legenda, deputado Luciano Bivar, a ala da sigla mais alinhada ao dirigente cedeu o controle das comissões que teria direito ao núcleo bolsonarista, liderado pelo deputado Major Vitor Hugo.
Há pelo menos um mês, a deputada vem trabalhando nos bastidores para tentar reduzir a resistência dos partidos à indicação, que chegaram a cogitar lançar uma candidatura avulsa ao cargo para derrotá-la. A deputada adotou uma postura mais discreta e evitou entrar em polêmicas. No episódio da prisão do deputado Daniel Silveira, por exemplo, não se manifestou publicamente em defesa do parlamentar, ao contrário de aliados bolsonaristas, o que foi visto como um sinal positivo entre os pares.