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    Cabral e mais 5 PMs deixam Niterói e são transferidos para Bangu

    Ex-governador e outros cinco policiais terão de obedecer dez dias de isolamento, após terem sido imputadas a eles irregularidades em uma vistoria feita pela Vara de Execuções Penais

    Pedro DuranBeatriz Puenteda CNN , no Rio de Janeiro

    Uma van da Tropa de Choque da Polícia Militar do Rio de Janeiro saiu às 21h, desta terça-feira (3), do Batalhão Especial Prisional da PM, em Niterói, levando o ex-governador Sérgio Cabral e outros 5 policiais militares para a penitenciária de segurança máxima Laércio da Costa Pellegrino, Bangu 1.

    Na lista, além de Cabral, estão um tenente-coronel, dois capitães, um tenente e um cabo. Eles serão investigados depois de uma série de regalias encontradas nas celas e na área comum dos oficiais da polícia.

    O comboio de viaturas foi registrado pela equipe da CNN no local. Ele tinha três viaturas na frente, uma van lacrada com policiais armados, os presos e mais quatro viaturas atrás, além de pelo menos quatro motocicletas com dois policiais cada, somando 12 veículos.

    O despacho do juiz Bruno Monteiro Rulière determina que “os presos ora transferidos sejam acautelados, em galeria própria na unidade em dependência isolada dos demais reclusos”. Antes disso, os seis precisarão obedecer a um “isolamento cautelar pelo prazo de 10 dias”.

    A defesa do ex-governador Sérgio Cabral quer tentar reverter a transferência determinada pelo corregedor dos presídios no TJ-RJ nesta terça-feira (3/5). O advogado Daniel Bialski disse à CNN que um recurso será feito para que ele não fique em Bangu 1. O primeiro passo da defesa será recorrer no TJ-RJ, com a tentativa de convencer um desembargador a derrubar a determinação da transferência.

    Em nota, a advogada Patrícia Proetti já havia demonstrado surpresa com a decisão. “É com absoluta perplexidade que recebemos a informação, pela imprensa, da decisão de transferência do ex-governador para um presídio de segurança máxima sem haver, sequer, um processo administrativo disciplinar para elucidação dos fatos narrados. Como se não bastasse, o descumprimento dessa garantia básica impediu a defesa de ter acesso formal às informações veiculadas, apesar dos pedidos dirigidos ao juízo prolator da decisão, bem como as razões que embasam e justificam tal determinação”, afirma o texto.

    Patrícia defende não só Cabral, mas também o tenente-coronel Cláudio Oliveira, preso depois do assassinato da juíza Patrícia Acioli, em 2011. Oliveira era próximo de Cabral no Batalhão Prisional da PM, em Niterói. Os dois dividiam uma geladeira e estavam juntos na área externa do presídio quando a fiscalização chegou. Na mesa em que eles estavam foi aprendido um caderno de contabilidade com gastos com serviços, inclusive delivery de restaurantes, que ultrapassam R$ 50 mil.

    A Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro confirmou que Cabral estava no comboio e que o grupo chegou ao presídio de Bangu 1 por volta de 22h.

    Restrições severas

    A CNN conversou com pessoas que conhecem o sistema prisional e todos apontaram que as realidades do BEP, em Niterói, e de Bangu 1 são opostas. No presídio da Polícia Militar, Cabral ficava em uma área segregada para os PMs de patente mais alta.

    Ele também tinha as chaves da própria cela, comida importada e até entregas de restaurante, segundo o apontamento de irregularidades da Vara de Execuções Penais. O despacho do juiz ainda diz que Cabral tinha um chuveiro extra na cela e piso emborrachado.

    Em Bangu 1, as restrições são bem mais severas e incluem limitações em relação ao banho de sol e às visitas. Destino de presos perigosos, a penitenciária Laércio da Costa Pellegrino tem em suas dependências chefes de facções criminosas, ladrões de banco e assassinos. Até por isso, Cabral e os PMs ficarão em uma área segregada, mesmo depois dos dez dias de reclusão.

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