Brasil condena sempre qualquer ato de violência, diz Mauro Vieira
Em declaração à imprensa, chanceler brasileiro disse que Itamaraty conclama para o "entendimento" entre Irã e Israel
O ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse, nesta segunda-feira (15), que “o Brasil condena sempre qualquer ato de violência e conclama sempre o entendimento entre as partes”, ao ser questionado sobre os ataques do Irã a Israel, no último sábado (13).
Ao se manifestar sobre o conflito, o governo brasileiro não condenou os ataques, e pediu “máxima contenção” para evitar uma “escalada”. O posicionamento gerou críticas.
Segundo Vieira, a nota do Itamaraty foi feita assim que os ataques foram divulgados. Por isso, segundo o chanceler, o temor, naquele momento, era evitar uma declaração que pudesse “contaminar” a situação.
“A nota é essa, a nota foi feita. Foi feita à noite. Ela foi feita à noite em que todo o movimento começou e nós manifestamos o temor que o assunto, o início da operação, pudesse contaminar outros países. À noite, a todo momento em que não tínhamos, claro, a extensão ou o alcance das medidas tomadas. E sempre fizemos o que fazemos, sendo um apelo para a contenção e medição das duas partes”, disse.
Perguntado pontualmente se o Brasil segue sem “condenar” o conflito, o ministrou respondeu: “o Brasil condena sempre qualquer ato de violência e o Brasil conclama sempre o entendimento entre as partes”.
Posição diplomática do Brasil
Criticado por entidades judaicas e pela oposição por não condenar o ataque do Irã a Israel, o governo brasileiro segue sem previsão de emitir um novo parecer sobre a tensão no Oriente Médio.
Segundo a analista de Política da CNN Jussara Soares, o Brasil tem a missão de avaliar a situação com calma. De acordo com fontes diplomáticas, o mais importante no momento é conter a escalada da tensão na região.
Autoridades envolvidas na discussão reforçam que, quando a manifestação brasileira foi emitida, o quadro após o ataque do Irã a Israel não estava claro, o que exigiu uma maior cautela.
Aconselhado por auxiliares, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não se manifestou sobre o conflito. Segundo o âncora da CNN Gustavo Uribe, a ideia é adotar uma “distância segura” em relação ao assunto.
A relação do Brasil com Israel está estremecida desde fevereiro, quando o presidente Lula comparou a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza – em curso desde outubro do ano passado – com as mortes de judeus promovidas pelo regime nazista de Adolf Hitler na Alemanha.
Agora, a avaliação é que, mesmo com boa intenção, falas de Lula sobre o conflito acabaram criando um desgaste.
Por isso, a estratégia é que as manifestações fiquem a cargo da diplomacia brasileira e que, caso seja questionado, Lula faça falas genéricas, como em defesa de um entendimento que evite uma guerra.