Brasil cai quatro posições em índice global de democracias
Estudo anual da The Economist Intelligence Unit faz referências ao questionamento das urnas eletrônicas pelo ex-presidente Bolsonaro e aos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro
O Brasil caiu quatro posições no The Democracy Index em 2022, em relação aos resultados obtidos em 2021.
Publicado anualmente pela The Economist Intelligence Unit, uma empresa de pesquisas e análises do Economist Group, que publica a prestigiosa revista The Economist, o índice analisa cinco fatores diferentes para determinar quais são os países mais democráticos e os mais autoritários do mundo.
Os fatores são: características do processo eleitoral e pluralismo, funcionamento do governo, participação política da população, cultura política e liberdades civis.
O Brasil está agora na 51ª posição do ranking de 167 países, atrás de nações como África do Sul, Índia, Cabo Verde, Timor Leste e Suriname. Em 2021, o Brasil ocupava a 47ª posição no índice.
A Noruega é considerada o país mais democrático do mundo, posição que já ocupava em 2021. Ela é seguida pela Nova Zelândia, Islândia e Suécia.
A nação mais autoritária é o Afeganistão, que também já ocupava esta posição desde o retorno do Talebã ao poder, aniquilando muitas das liberdades civis da população local, especialmente das mulheres.
Myanmar e Coréia do Norte também compõem o trio mais antidemocrático do globo.
Brasil é uma “democracia imperfeita”
O índice classifica cada país em um de quatro tipos diferentes de regime político: “democracia plena”, “democracia imperfeita”, “regime híbrido” e “regime autoritário”.
O Brasil é considerado uma “democracia imperfeita”. Dentro dos cinco fatores que são levados em conta para essa classificação, o país conseguiu uma nota muito alta (9.58 de uma escala de 1 a 10) pelo seu processo eleitoral robusto com o uso das urnas eletrônicas.
Mas recebeu uma nota baixa (5) pelo funcionamento do governo (na época da análise ainda sob gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro) e pela cultura política do país (5) –esta última atribuída à excessiva polarização.
O relatório da The Economist Intelligence Unit cita a eleição de 2022 como a mais polarizada da região, o que testou os limites do sistema político brasileiro.
A EIU menciona as constantes declarações do ex-presidente Bolsonaro contra as urnas eletrônicas como um fator de tensão política e relata os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro.
“O uso da violência política pelos apoiadores de Bolsonaro e seus apelos por um golpe militar ilustram os riscos para o futuro da economia brasileira democracia”, diz o estudo.
Na América Latina, apenas três países são classificados como democracias plenas: Uruguai, Costa Rica e Chile. O Brasil ocupa, entre todos os países da América Latina e do Caribe, a nona posição entre as nações mais democráticas –atrás de Panamá, Jamaica e Argentina, entre outros.
No mundo, a Rússia foi o país que perdeu mais posições (22) no ranking, depois de invadir a Ucrânia e adotar várias leis internas restringindo ainda mais as liberdades de seus cidadãos.
A Rússia ocupa agora a 146º posição no ranking. A Ucrânia, apesar da guerra, está na 87ª posição.