‘Braga Netto não é radical que atuará fora da Constituição’, diz Marcelo Ramos
Vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos (PL-AM) avaliou à CNN que o novo ministro da Defesa não agirá fora dos limites democráticos
O vice-presidente do Congresso e da Câmara, deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM), afirmou nesta terça-feira (30), em entrevista à CNN, que o novo ministro da Defesa, general Braga Netto, não atuará fora dos limites democráticos e constitucionais.
Ramos disse que entende que a troca na pasta, antes ocupada por Fernando Azevedo e Silva, gera preocupação em alguns setores, que temem “controle político e até ideológico” do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas Forças Armadas, mas que não enxerga em Netto “um radical”.
“Eu sou daqueles que acredita que as Forças Armadas brasileiras são instituições absolutamente maduras, comprometidas com a nossa Constituição e democracia. Não consigo enxergar no general Braga Netto um radical que se prestaria a qualquer atitude fora da institucionalidade constitucional e democrática”, afirmou o deputado.
O Ministério da Defesa informou hoje que os três comandantes das Forças Armadas serão substituídos: Edson Pujol, do Exército, Ilques Barbosa Junior, da Marinha, e Antonio Carlos Moretti Bermudez, da Aeronáutica. A decisão foi anunciada em nota após uma reunião nesta manhã com o novo ministro da pasta, Walter Braga Netto, e o ex-ocupante do cargo, Fernando Azevedo e Silva.
O analista da CNN Igor Gadelha apurou com generais e auxiliares do governo que as substituições ocorreram a pedido do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Os comandantes estavam receosos que houvesse uma demanda por um alinhamento político das tropas com Bolsonaro, o que é rejeitado por todas elas. Na carta em que anuncia a demissão, Fernando Azevedo disse que, durante o período que comandou a pasta, preservou “as Forças Armadas como instituições de Estado”.
Troca no Itamaraty
Sobre as outras mudanças feitas na reforma ministerial, Ramos criticou a atuação do ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. “Não tem como ser pior do que Ernesto Araújo. Então, a tendência, obviamente, é de uma melhor relação do Brasil no trato com parceiros internacionais”, avaliou.
Araújo, que pediu demissão na segunda-feira (29), foi substituído por Carlos Alberto Franco França. Ele vinha sendo pressionado, principalmente por parlamentares, que o criticaram por falhas nas relações diplomáticas que teriam prejudicado a aquisição de vacinas contra a Covid-19.
No fim de semana, o chanceler se envolveu em um novo embate com parlamentares, que complicou ainda mais a situação dele no Itamaraty. Em mensagem postada no Twitter, ele afirmou que a senadora Kátia Abreu (PP-TO), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, cobrou o apoio dele à tecnologia chinesa do 5G, indicando que este era o real interesse dos parlamentares, e não as vacinas.
Nesta segunda, um grupo de senadores se preparava inclusive para apresentar um pedido de impeachment de Ernesto Araújo.
De acordo com Ramos, a queda de Araújo se deu por sua ineficiência na diplomacia internacional, que afetou o combate à pandemia do novo coronavírus no Brasil.
“O parlamento e o povo brasileiro começaram a sentir consequências efetivas desses equívocos na condução da nossa política externa: a dificuldade para os insumos da vacina, a ideologização do leilão do 5G, conflitos diplomáticos com a China, Venezuela e o próprio Estados Unidos. Nós começamos a ter consequências na vida da nossa gente, o que fez o parlamento reagir”, disse.