Boris Casoy: Viktor Orbán é o produto de reação da população contra migrantes
No quadro Liberdade de Opinião desta sexta-feira (18), Boris Casoy falou sobre reunião entre Jair Bolsonaro e Viktor Orbán em Budapeste, na Hungria
No quadro Liberdade de Opinião desta sexta-feira (18), o jornalista Boris Casoy comentou sobre o encontro entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o primeiro-ministro da Hungria, o ultradireitista Viktor Orbán, na manhã de quinta-feira em Budapeste.
Durante o encontro, Bolsonaro expressou vontade de “fortalecer o relacionamento” comercial entre os dois países. Ele também defendeu a política ambiental brasileira, afirmando que informações que chegam ao exterior sobre a destruição da Floresta Amazônica são distorcidas e fruto de um ataque à economia nacional. Ainda ao longo da coletiva, Bolsonaro chamou Orbán de “irmão” e afirmou que a compartilha de posição comum em vários assuntos, incluindo uma “luta pela proteção das famílias”.
Para Boris Casoy, é importante analisar todo o conjunto da viagem de Bolsonaro pela Europa – que incluiu uma visita a Vladimir Putin em Moscou, na Rússia, no dia anterior – levando em conta o “mal estar” do presidente com alguns líderes mundiais. O comentarista qualificou Putin como a figura mais importante no contexto internacional e Orbán como o “semelhante” a Bolsonaro.
“Orbán é o produto de uma reação da população contra migrantes, costumes, busca de moral… uma onda que existe na Europa que faz com que as pessoas votem naqueles que prometem uma espécie de saneamento étnico, moral, anticorrupção, a favor da família, contra a homossexualidade”, disse.
Casoy também qualifica Orbán como estando à margem da “direita civilizada”, definindo-o como um extremista e afirmando que seu discurso parece em partes com o de Bolsonaro.
“Na Polônia, acontece a mesma coisa. Existe uma tendência de momento do mundo. Isso não é uma direita clássica, socialmente preocupada, que não tem uma visão estatista, de socialização dos meios de produção, mas é algo civilizado, palatável e que respeita os direitos humanos. Com a Hungria, entramos em outro patamar.”
“Nesta segunda etapa do conjunto da viagem, o presidente, estando com o primeiro-ministro da Hungria, fala para o seu público interno. Contrasta, reforça mais ainda posições que garantem esse nicho que podem levá-lo ao segundo turno [na eleição de outubro]”, definiu.
Em relação ao aspecto comercial, Casoy destacou que Brasil e Hungria pouco negociam e que é preciso incrementar as laços financeiros entre os países, embora a relação entre eles seja positiva.
“Fica a observação dos motivos que levaram o presidente a fazer essa viagem e o encontro fraternal que ele teve com Orbán. Ele [Bolsonaro] não vai encontrar no mundo todo figuras assim. O Putin tem muito disso também, e uma das características condenáveis é o desrespeito aos direitos humanos, que é uma conquista da civilização”, concluiu.
Barroso deixa o TSE
O ministro Luís Roberto Barroso se despediu na quinta-feira (17) da presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Durante o último discurso, ele disse que o Tribunal possui um plano de guerra contra a desinformação e afirmou não haver “remédio jurídico contra maus perdedores”.
“Sempre relembrando que, nos EUA existe voto impresso e o candidato derrotado não apenas jamais reconheceu a derrota como até hoje sustenta a tese de que houve fraude e a eleição foi roubada. A moral da história… é que não há remédio na farmacologia jurídica contra maus perdedores”, concluiu.
CPI da Pandemia
O Senado enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma lista indicando as evidências que a CPI da Pandemia coletou para embasar o indiciamento de cada um dos acusados pela comissão em seu relatório final.
O documento é uma resposta ao Procurador-Geral da República, Augusto Aras. Em entrevista à CNN, Aras afirmou ter recebido, no final de 2021, um material com cerca de 10 terabytes entregues pela CPI com informações desconexas e que mais provas deveriam ser apresentadas.
Já o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que foi vice-presidente da comissão, afirmou, também à CNN, que Aras “faltou com a verdade”, além de estar prevaricando em seu ofício.
Inquérito contra Bolsonaro
Aras pediu o arquivamento da investigação contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) por conta do suposto vazamento do inquérito sobre o ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2018.
Segundo o procurador, a investigação revelada por Bolsonaro não tramitava reservadamente dentro da Polícia Federal (PF), nem tinha segredo de justiça.
No relatório da PF, a delegada Denisse Dias Ribeiro disse ter visto “atuação direta, voluntária e consciente” do presidente em violação de sigilo, mas decidiu não indicá-lo em razão do foro privilegiado.
O Liberdade de Opinião teve a participação de Fernando Molica e Boris Casoy. O quadro vai ao ar diariamente na CNN.
As opiniões expressas nesta publicação não refletem, necessariamente, o posicionamento da CNN ou seus funcionários.