Bolsonaro volta a atacar governadores e desafia: ‘Tá com medinho do vírus?’
Presidente criticou medidas de restrição de circulação


O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar, nesta quinta-feira (2), governadores e as medidas adotadas por alguns deles no combate à pandemia do novo coronavírus. Diante de apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, ele também minimizou novamente os riscos de sobrecarga no sistema de saúde, conforme vem alertando o Ministério da Saúde e outras autoridades sanitárias internacionais.
De acordo com ele, “o vírus é uma coisa que 60% vai ter, uns 70%”. “Não vai fugir disso, a tentativa é de atrasar a infecção para os hospitais poderem atender. Eu desconheço qualquer hospital que esteja lotado, desconheço. Muito pelo contrário. Tem um hospital no Rio de Janeiro, um tal de Gazola, que se não me engano tem 200 leitos e só tem 12 ocupados até agora. Então não é tudo isso que estão pintando”, afirmou.
A fala do presidente contrasta com a preocupação que vem sendo expressada pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, de que faltem leitos para a população que precisará ir aos hospitais devido à doença. No início da conversa de pouco mais de 17 minutos com pastores evangélicos e apoiadores, o presidente voltou a defender que a população não deixe de trabalhar e que cuide dos idosos e de quem tem problemas de saúde.
Bolsonaro ainda rebateu as críticas pela visita que fez a estabelecimentos comerciais na Ceilândia e em Taguatinga (DF) no último domingo, contrariando uma recomendação do próprio Ministério da Saúde para se evitar aglomerações. Para ele, falta humildade a governadores e a outras autoridades que o criticam por sua postura diante da crise da doença.
“Não fui passear coisa nenhuma. Fui ver o povo lá. Duvido que um cara desses, um governador desses, um Doria da vida, um Moisés vai no meio do povo. Não vai. E umas outras autoridades que me criticam aí. Vai lá conversar com o povo. A justificativa é ‘não vou porque posso pegar’. Ah, está com medinho de pegar vírus? Pô, tá de brincadeira, pô”, disse, em referência aos governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), e de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL).
O presidente também se voltou contra uma carta de governadores do Sul e Sudeste, que cobraram medidas do governo federal para evitar o colapso econômico e social destes estados. A preocupação é com a brusca queda de arrecadação do ICMS, principal tributo cobrado por esses entes federativos.
“Acabou o ICMS, vai ter dificuldade para pagar a folha com toda essa crise. E nos próximos um ou dois meses. E agora quer vim pra cima de mim. Tem que se responsabilizar pelo o que fez”, disse Bolsonaro, que também alegou ser preciso “convencer os governadores a não continuarem sendo radicais”.
O presidente elencou algumas das medidas adotadas pelo governo federal para combater os efeitos do novo coronavírus na economia brasileira, como o projeto que cria o auxílio de R$ 600 a microempreendedores individuais, trabalhadores informais e contratados em regime intermitente e a medida provisória que permite a suspensão de contratos de trabalho por dois meses e a redução de salário e jornada. Embora afirme ter sancionado o projeto, o texto ainda não foi publicado no Diário Oficial da União — e, portanto, não entrou em vigor.