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    Bolsonaro vai ao STF contra lockdown e toque de recolher em estados

    Ação assinada pelo presidente e pelo advogado-geral da União, André Mendonça, reconhece autorização dada pelo Supremo, mas afirma que governos se excederam

    Thais Arbexda CNN

     O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apresentou ação ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir que sejam declaradas inconstitucionais medidas de governadores e prefeitos por lockdown e toques de recolher em razão da pandemia da Covid-19.

    Formalmente, trata-se de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) apresentada pela Advocacia-Geral da União (AGU), entidade que representa juridicamente o presidente e servidores federais.

    A ação é assinada pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo advogado-geral da União, André Mendonça.

    Em nota, a AGU afirma que Bolsonaro não está questionando decisões anteriores do STF, que reconheceu direito de governadores e prefeitos decretarem medidas sanitárias de restrição ao deslocamento, mas sim que “algumas dessas medidas não se compatibilizam com preceitos constitucionais inafastáveis”.

    “[A ação] considera que algumas dessas medidas não se compatibilizam com preceitos constitucionais inafastáveis, como a necessidade de supervisão parlamentar, a impossibilidade de supressão de outros direitos fundamentais igualmente protegidos pela Constituição e a demonstração concreta e motivada de que tais medidas atendem ao princípio da proporcionalidade”, afirma a nota.

    Apesar da ponderação feita em nota, a ação vai além de lockdown ou toque de recolher e cita também o que chamou de “interdição de forma genérica e indiscriminada das liberdades de locomoção, de trabalho e de exercício das atividades econômicas em geral”.

    Presidente Jair Bolsonaro
    Presidente Jair Bolsonaro
    Foto: Mateus Bononi/Getty Images

    Ainda segundo a Advocacia-Geral, a intenção da ação é invalidar juridicamente esses decretos, mas, também, que sejam considerados “os devastadores efeitos que medidas extremas e prolongadas trazem para a subsistência das pessoas, para a educação, para as relações familiares e sociais, e para a própria saúde – física e emocional – da população”.

    A AGU argumenta ainda que as medidas seriam “desproporcionais” uma vez que o Brasil já iniciou “uma consistente campanha de vacinação” contra a Covid-19. Segundo o Painel da Vacina, da Agência CNN, o Brasil é o 64º país com maior imunização proporcional de pessoas contra a doença, com 30,73 doses aplicadas a cada 100 habitantes.

    “À medida em que os grupos prioritários e a população em geral vai sendo imunizada, mais excessiva (e desproporcional) se torna a imposição de medidas extremas, que sacrificam direitos e liberdades fundamentais da população”, afirmam Bolsonaro e Mendonça.

    Medidas em três estados

    A ação apresentada pelo presidente Jair Bolsonaro mira medidas decretadas nos últimos dias pelos governadores de três estados: Ratinho Júnior (PSD), do Paraná; Paulo Câmara (PSB), de Pernambuco; e Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte.

    Em 21 de maio, Fátima Bezerra decretou uma quarentena no Rio Grande do Norte com validade a partir daquele dia e extensão até o dia 6 de junho. No período, decidiu a governadora, vai vigorar um toque de recolher, com a proibição de circulação de pessoas aos domingos e feriados e em todos os dias, entre 22h e 5h da manhã seguinte.

    Em 24 de maio, Paulo Câmara decidiu que, entre os dias 26 de maio e 6 de junho, ficam proibidas no estado de Pernambuco todas as “atividades econômicas e sociais de forma presencial”. O decreto foi acompanhado de uma lista de exceções, que abarcam serviços considerados essenciais. 

    Em 25 de maio, Ratinho Júnior decidiu prorrogar no Paraná, até o dia 11 de junho, medidas que preveem a “restrição da circulação de pessoas” entre 20h de um dia e as 5h da manhã seguinte, bem como a proibição da venda de bebidas alcoólicas em todo o estado durante a mesma faixa de tempo.

    Publicado por Guilherme Venaglia

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