Bolsonaro tumultua para tirar foco da CPI, afirma Randolfe Rodrigues
Segundo o parlamentar, os ataques às instituições desferidos pelo chefe do Executivo federal visam intimidar a CPI.
O vice-presidente da CPI da Pandemia, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), avaliou em entrevista à CNN que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tumultua o ambiente político para desviar o foco da comissão.
Segundo o parlamentar, os ataques às instituições desferidos pelo chefe do Executivo federal visam intimidar a CPI.
“Esses ataques e aumentos de tom têm também um objetivo claro, desviar o foco do que é central… o preço da carne, o preço do óleo de soja, as denúncias de corrupção sob o governo, o aumento da taxa de juros, a inflação descontrolada”, disse. “Se não fosse a CPI, o Brasil saberia dos mais de 101 e-mails da Pfizer negados pelo governo”.
Para Randolfe, o depoimento prestado nesta quinta-feira (5) pelo ex-assessor do Ministério da Saúde Airton Cascavel demonstra os motivos pelos quais o país registra mais de meio milhão de mortos pela Covid-19 e tem uma das piores gestões contra o novo coronavírus.
“A gestão, em especial, do ministro Eduardo Pazuello, que foi a gestão que durou nos piores momentos da pandemia, foi marcada por isso, pelo improviso. Foi marcado por agentes que não eram oficializados, agentes estranhos à própria administração pública”, afirmou.
O senador disse ser a favor da entrega do relatório dos trabalhos da comissão até o fim de setembro, “no mais tardar começo de outubro”, e ressaltou, porém, que a CPI já tem os elementos necessários para a conclusão do inquérito.
Investigação da PF sobre vazamento de depoimentos
Randolfe Rodrigues afirmou a advocacia do Senado vai entrar com uma reclamação no Supremo Tribunal Federal contra o inquérito aberto pela PF para investigar supostos vazamentos de depoimentos sigilosos entregues à CPI.
Na avaliação do senador, a medida visa impedir que a denúncia “ilegal e ilegítima” prossiga.
“A CPI não vaza documentos, quem faz isso é o presidente [Jair Bolsonaro]”, ressaltou.
Além disso, o parlamentar também propôs que, além da reclamação, seja feita uma denúncia contra quem abriu o inquérito, com base no artigo 4º da Lei 1.579 de 1952.
O dispositivo em questão diz que é crime “impedir, ou tentar impedir, mediante violência, ameaça ou assuadas, o regular funcionamento de Comissão Parlamentar de Inquérito, ou o livre exercício das atribuições de qualquer dos seus membros.”
