Bolsonaro quer alinhar relação com Estados Unidos após “congelamento” de Biden
Presidente brasileiro confirmou que se reunirá com o colega americano durante a Cúpula das Américas, no início de junho
O presidente Jair Bolsonaro falou sobre a relação com o colega Joe Biden, em entrevista a repórteres na saída de uma igreja na Vila Planalto, em Brasília, nesta quinta-feira (26).
“Biden enviou uma pessoa especialmente para conversar comigo e botei as cartas na mesa, falei da mudança do comportamento dos Estados Unidos com o Brasil quando ele assumiu, com o Trump estava indo muito bem”, disse, em referência à vinda do ex-senador Christopher Dodd ao país, na última terça.
“Tínhamos muitas coisas combinadas para fazer aqui no Brasil, entre outras coisas explorar nióbio, mas com o Biden simplesmente houve um congelamento”, disse o presidente brasileiro.
“Encontrei com Biden no G-20 e ele passou como se eu não existisse, mas foi com todo mundo, não sei se é a idade”, afirmou Bolsonaro, lembrando a última cúpula realizada em outubro de 2021, na Itália.
O presidente brasileiro aceitou um convite de Joe Biden uma reunião durante a próxima Cúpula das Américas, no início de junho, nos Estados Unidos. O ex-senador Dodd veio ao país pessoalmente fazer esse convite.
“Terei uma bilateral com Biden e irei para lá para fazer valer o que o Brasil representa pelo mundo”, disse Bolsonaro.
“(Pretendo) várias coisas. Estamos trabalhando desde o ano passado com alternativas, com projetos de lei para poder explorar terra indígena, desde que o indígena tope, esse projeto permite suprir a falta de energia. Aproveitar o momento é extremamente importante para todos nós brasileiros, não interessa de que lado nós estejamos”, defendeu Bolsonaro.
“Quando fui pra Rússia fui muito criticado, mas os frutos vieram aí. Na semana passada aportaram quase 30 navios com fertilizantes que nos garantem a safra desse ano e do começo do ano que vem”, disse, relembrando seu encontro com Vladimir Putin às vésperas da invasão russa à Ucrânia.
Bolsonaro aproveitou para criticar o julgamento do chamado Marco Temporal, suspenso no Supremo Tribunal Federal após pedido de vista pelo ministro Alexandre de Moraes e pautado para o primeiro semestre deste ano. Essa teoria defende que os povos indígenas teriam direito apenas a terras ocupadas quando da promulgação da Constituição Federal, em 1988.
“O Supremo volta a votar mês que vem o marco temporal, se isso for aprovado acabou o agronegócio brasileiro e outra área na região sul será reserva indígena também”, afirmou. O presidente já ameaçou desobedecer a decisão do Supremo, caso seja favorável aos indígenas.