Bolsonaro defende compra de genérico do Viagra pelo Exército para tratar hipertensão e doença reumática
Sobre os mais de 35 mil comprimidos comprados, presidente disse que “isso é nada” e que “a quantidade para o efetivo das Três Forças é muito mais usada pelos inativos e pensionistas”
O presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu, na manhã desta quarta-feira (13) no Palácio do Planalto, a aquisição pelo Exército de 35.320 comprimidos de Viagra, medicamento para tratar a disfunção erétil e Hipertensão Pulmonar Arterial (HPA).
Há cerca de 15 anos “estava se pesquisando algo para combater a hipertensão arterial pulmonar, e foi descoberto um remédio para isso”, disse Bolsonaro sobre o Viagra.
“O mesmo remédio serviu para doenças reumatológicas”, segundo o presidente, e, posteriormente, “apareceu aí que combatia também a impotência sexual, que depois foi conhecido como Viagra”.
Sobre a quantidade de comprimidos comprados, Bolsonaro disse que, “com todo o respeito, isso é nada”. “A quantidade para o efetivo das Três Forças, obviamente, [é] muito mais usada pelos inativos e pensionistas”, completou o presidente.
Os dados da aquisição de Viagra foram compilados pelo senador Jorge Kajuru (Podemos-GO) e pelo deputado Elis Vaz (PSB-GO) e constam do Portal da Transparência e do Painel de Preços do governo federal.
Os dois parlamentares disseram que acionarão o Ministério Público Federal (MPF) e o Tribunal de Contas da União (TCU) para apurar eventual irregularidade.
Os pregões foram feitos em 2020 e preveem as compras do genérico (Citrato de Sildenafila) em dosagens de 25mg e 50mg.
As bulas de duas versões da Sildenafila usadas para essa doença indicam uma dosagem diferente, em comprimidos de 20mg, de oito em oito horas.
Em nota, o Ministério da Defesa confirmou que o medicamento adquirido era um genérico do Viagra, explicando que sua compra obedeceu à legislação e que seria usado no tratamento de pacientes com hipertensão.
“A aquisição de Sildenafila visa ao tratamento de pacientes com Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP). Esse medicamento é recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento de HPA. Por oportuno, os processos de compras das Forças Armadas são transparentes e obedecem aos princípios constitucionais”, afirmou a pasta.
Próteses penianas
Além da compra de Viagra, o Exército adquiriu 60 próteses penianas em três pregões distintos, homologados em 2021. As próteses variam de 10 a 25 centímetros e são infláveis.
Assim que a notícia foi divulgada, o Exército se manifestou e disse que a quantidade adquirida foi menor.
“Foram adquiridas apenas 3 (três) próteses penianas pelo Exército Brasileiro, em 2021, para cirurgias de usuários do Fundo de Saúde do Exército (FUSEx) e não 60 (sessenta), conforme foi divulgado por alguns veículos de imprensa. Cabe destacar que os processos de licitação atenderam a todas as exigências legais vigentes, bem como às recomendações médicas”, afirmou o Exército em nota.
A Força disse ainda que “o Sistema de Saúde do Exército, que atende cerca de 700 mil pessoas, tem como receita recursos do Fundo de Saúde do Exército, composto por contribuição mensal de todos os beneficiários do Sistema e da coparticipação para o pagamento dos procedimentos realizados”.
O Exército explicou também ser uma atribuição do Sistema de Saúde do Exército “atender a pacientes do sexo masculino vítimas de diversos tipos de enfermidades que possam requerer a cirurgia para implantação da prótese citada”.