Bolsonaro busca reaproximação com STF
Apesar dos gestos, há um grupo de ministros com o qual o presidente não se relaciona



As medidas do Supremo Tribunal Federal (STF) forçando o governo a agir na pandemia e a investigação aberta contra o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para avaliar sua responsabilidade nas mortes em Manaus fizeram o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) buscar uma reaproximação com ministros da Corte.
O ministro Gilmar Mendes foi um dos convidados do presidente para um encontro no Palácio da Alvorada em um sábado há duas semanas. Na conversa, trataram de pandemia e das relações exteriores brasileiras – aquela altura o país já estava em tratativas com a Índia e a China para importar, respectivamente, vacinas e insumos para vacinas.
Gilmar disse ao presidente, segundo fontes, que o entorno do presidente errou ao entrar em conflito com a China e em apostar na relação pessoal com Donald Trump. Gilmar, inclusive, disse a ele que foi um erro o presidente não ter cumprimentado Joe Biden logo após a sua vitória nas eleições. Também foram feitas críticas à gestão de Pazuello.
Ambos entraram ainda na narrativa do presidente de que foi o STF que lhe impediu de agir na pandemia. Gilmar lhe disse que não foi essa a decisão da Corte.
Em outro gesto, Bolsonaro buscou há poucos dias o presidente do STF, Luiz Fux. Desta vez, em conversa por telefone, ambos trataram do assunto, tendo em vista que o próprio STF havia soltado uma nota para reiterar que a decisão da Corte foi no reconhecimento da competência concorrente entre União, estados e municípios para agora na pandemia.
Fux lhe disse que o interesse da Corte foi preservar a vida humana, não impor limites a que nenhum dos entes da federação agissem.
Apesar dos gestos, há um grupo de ministros com o qual o presidente não se relaciona: Ricardo Lewandowski, Carmen Lucia, Luiz Barroso e Edson Fachin.