Bolsonaro autorizou antecipação de vacina para contrapor Doria
Até então, a ideia de Pontes era fazer a divulgação da Versamune apenas após a Anvisa aprovar o pedido para que fossem realizados testes da fase 1 e 2
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) orientou o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, a divulgar que o governo federal protocolou nesta quinta-feira (25) na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) o pedido para início dos testes clínicos em humanos de uma nova vacina contra Covid-19 desenvolvida no Brasil, chamada de Versamune-CoV-2FC.
A decisão ocorreu após duas reuniões no Palácio do Planalto. Na primeira, estiveram presentes Marcos Pontes, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e representantes da Casa Civil. Nela, Pontes disse que a vacina anunciada pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), pela manhã, estava em um estágio mais atrasado do que a Versamune.
Eles decidiram, então, fazer uma coletiva para anunciar, mas precisavam do aval de Bolsonaro. Foram, então, ao gabinete presidencial e explicaram a situação a Bolsonaro, que deu apoio para o anúncio.
Até então, a ideia de Pontes era fazer a divulgação da Versamune apenas após a Anvisa aprovar o pedido para que fossem realizados testes da fase 1 e 2. Mas, quando ele e sua equipe viram o anúncio de Doria, resolveram levar ao Planalto a ideia.
Fontes no governo garantem que, até aquele momento, a Butanvac não havia virado pauta principal do governo, em volta desde a manhã em reuniões com governadores. Não fora assunto sequer no grupo dos ministros e interlocutores mais próximos do presidente disseram que ele não tratou disso.
Com o aval presidencial, a coletiva foi informada à imprensa às pressas e Pontes e Queiroga desceram e anunciaram o protocolo no próprio Palácio do Planalto.
Ao contrário da coletiva de Doria, não houve prazos nem estimativas de doses da Versamune, tampouco logo e caixa da vacina do governo federal. Fontes de Brasília disseram à CNN que houve excesso de marketing no anúncio de Doria.
No Palácio dos Bandeirantes, porém, a coletiva às pressas de Brasília foi vista com ironia. A avaliação no entorno do governador paulista foi a de que o Palácio do Planalto “passou recibo” da Butanvac, apesar de considerarem que tanto Pontes como Queiroga foram elegantes com o governo paulista.
Até as 19h, porém, segundo a própria Anvisa, o Butantan não havia protocolado nenhum pedido na agência sobre a Butanvac.