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    Deputados de SP aprovam em 1º turno PEC que transfere verba da educação para saúde

    Projeto do governador Tarcísio de São Paulo diminui o percentual mínimo de receitas que o governo de SP deve aplicar no ensino público; recursos poderiam ser alocados livremente entre educação e saúde

    Henrique Sales BarrosAdriana De LucaManoela Carluccida CNNVinicius Vainnercolaboração para a CNN , São Paulo

    A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aprovou, em primeiro turno, nesta quarta-feira (13), uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que flexibiliza parte dos recursos que devem ser alocados na educação pública.

    O projeto foi aprovado por 60 votos a favor a 24 contrários. Para passar pela primeira votação, era necessário o apoio de 57 dos 94 deputados estaduais.

    O projeto ainda precisa passar por segunda votação. O líder do governo na Alesp, deputado estadual Gilmaci Santos (Republicanos), espera que o segundo turno ocorra no começo de dezembro – “lá pelo dia 2 ou 3”.

    “Na semana que vem, vamos ter um feriado (20 de novembro, quarta-feira: Dia da Consciência Negra). Vamos tentar no colégio de líderes, na terça (19), para pelo menos iniciar a discussão (na próxima semana)”, disse.

    Uma vez aprovado na segunda votação na Casa, o projeto vai para sanção do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que propôs a PEC.

    Projeto

    A PEC 9/2023 diminui o percentual mínimo de receitas que o governo estadual deve aplicar no ensino público.

    Hoje, São Paulo é obrigado a aplicar, por determinação da Constituição do estado, no mínimo 30% de suas receitas com impostos na área. Pela PEC, o governo estadual ficaria obrigado a destinar 25%.

    Os cinco pontos percentuais de diferença poderiam ser alocados livremente pelo governo estadual entre as áreas da educação e da saúde.

    Argumento

    Na mensagem à Alesp anexada ao projeto enviado à Casa, Tarcísio apontou a “tendência persistente dos gastos públicos com as ações de serviços de saúde no estado”.

    “O que pode ser explicado em razão do aumento da expectativa de vida da população e dos avanços tecnológicos, com a incorporação de novos tratamentos e medicamentos, inclusive aqueles de custo elevado no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirmou.

    O governador também citou o artigo 212 da Constituição Federal, que estabelece que os estados devem destinar no mínimo 25% de suas receitas para a “manutenção e desenvolvimento do ensino”.

    “A modificação proposta, ao tempo em que garante a vinculação de receitas públicas em patamar mais elevado do que aquele exigido pela Constituição Federal, também permite certa margem de flexibilidade na aplicação desses recursos adicionais”, argumentou.

    Oposição

    A oposição argumenta que a PEC significa um corte de mais de R$ 10 bilhões anuais na verba da educação do estado.

    Já o governo, defende que a medida não é um corte de gastos, mas uma flexibilização, e que ainda vai seguir o mínimo estipulado pela Constituição Federal para a área educacional.

    Nesta quarta pela manhã, ocorreu uma audiência pública para tratar sobre a PEC, a pedido da oposição ao governo Tarcísio.

    Tal como nas sessões plenárias anteriores para discussão da PEC, a audiência foi marcada por manifestações e gritos de ordem de estudantes, que protestaram contra o projeto.

    Plenário

    No Plenário durante a votação, pela tarde, os manifestantes também se fizeram presentes, com gritos de ordem como “não vai ter corte, vai ter luta” e aplaudindo falas de deputados da oposição que discursavam na tribuna.

    Em discurso, a deputada estadual Professora Bebel (PT) disse que a Apeoesp vai fazer uma “grande greve na rua para pôr os direitos em pé”.

    Apeoesp é a sigla do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo. Professora Bebel ocupa a segunda presidência do sindicato.

    “Eu não aguento mais tanta cacetada na educação. É um desmonte do Estado brasileiro”, afirmou.

    Colega de partido de Bebel, a deputada Beth Sahão disse que, se a PEC avançar, vai haver judicialização por parte da oposição.

    “Se perdermos aqui, nós vamos ganhar na Justiça. Porque não é possível que se rasgue a Constituição de uma forma tão irresponsável”, bradou.

    Enquanto parlamentares a favor do projeto discursavam após a votação em primeiro turno, manifestantes na Galeria – a área do Plenário destinada ao público externo – vaiavam por cima das falas.

    “Isso terá consequências. Vai ter segundo turno ainda”, alertou o presidente da Alesp, André do Prado (PL).

    A situação só ficou mais controlada – mas não resolvida por completo – após Professora Bebel estabelecer um acordo para que as vaias só ocorressem depois das falas, e não durante.

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