Após um ano, como estão os responsáveis pela segurança do DF no 8/1?
Há um ano, governador foi afastado do cargo, e Anderson Torres e a cúpula da Polícia Militar foram presos
O 8 de janeiro de 2023 foi marcado no Brasil pelos atos criminosos contra o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF).
A data também marcou o Distrito Federal por sofrer uma intervenção federal na segurança pública, determinada pelo STF, e levar à prisão toda a cúpula da segurança.
Quadro geral
- Ibaneis Rocha, governador: afastado por 90 dias, não denunciado
- Anderson Torres, secretário de segurança: preso por quatro meses, não denunciado
- Coronel Fábio Augusto, ex-comandante: preso duas vezes, denunciado
- Coronel Klepter Rosa, ex-comandante: preso, denunciado
- Fernando Oliveira, ex-secretário-executivo, investigado, não denunciado
- General Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI: exonerado do cargo
Governador afastado
O primeiro “atingido” pela decisão do ministro Alexandre de Moraes foi o governador Ibaneis Rocha (MDB), que foi afastado do cargo, inicialmente, por 90 dias. A vice-governadora, Celina Leão (PP), assumiu interinamente. Antes de os três meses terminarem, em 16 de março, o governador voltou ao posto de chefe do Executivo local.
Após um ano, não há indiciamento por parte da Polícia Federal ou denúncia pela Procuradoria-Geral da República contra Ibaneis.
“O governador não foi responsabilizado por isso. Embora tenha sido inicialmente incluído no inquérito, viu-se ao longo da investigação que ele não agiu, ou deixou de agir, de modo a contribuir com o que houve na Praça dos Três Poderes”, disse à CNN o advogado Cleber Lopes, que defende Ibaneis.
Secretário preso
O segundo na hierarquia, abaixo de Ibaneis na segurança do DF, o então secretário Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, teve a prisão determinada pelo ministro Alexandre de Moraes. Ele estava de férias nos Estados Unidos durante os atos de 8 de janeiro e foi preso ao desembarcar em Brasília, ainda no aeroporto, uma semana depois.
Torres ficou quatro meses preso e trocou de advogado duas vezes.
Primeiro, foi atendido por Rodrigo Rocca, advogado da família Bolsonaro, mas quem assumiu posteriormente foi Eumar Novacki.
Após a liberdade provisória, com uso de tornozeleira, o ex-ministro e ex-secretário mantém uma vida discreta, sem aparições em público ou conversas com políticos. Não há denúncia contra ele no caso, mas a CNN apurou que a investigação contra Torres continua.
“Esse lamentável e revoltante episódio da política nacional brasileira precisa ser passado a limpo e Anderson Torres é o maior interessado na apuração isenta dos fatos. Até o momento, não há nada nos autos do inquérito que indiquem omissão pelo ex-ministro. Anderson Torres acredita na Justiça e confia nas instituições e, com a consciência tranquila, tem contribuído para esclarecer o ocorrido”, declarou Eumar Novacki, advogado do ex-secretário.
Quem estava no lugar de Torres na Secretaria da Segurança do DF à época dos fatos era o também delegado Fernando Oliveira. Ele foi alvo de mandado de busca e apreensão e teve o celular apreendido. Na Comissão Parlamentar de Inquérito, o então 02 da pasta atribuiu a Torres a responsabilização.
Polícia Militar do DF também foi atingida. O comandante da corporação, coronel Fábio Augusto Vieira, foi preso ainda em janeiro suspeito de omissão.
O militar foi liberado em fevereiro e, em agosto, preso novamente após intensificação da investigação da PF e da PGR. No inquérito, os investigadores encontraram mensagens de cunho políticos nos grupos dos oficiais e com teor golpista.
Além de Fábio Augusto, o então subcomandante dele, que virou comandante, Klepter Rosa, também foi preso, e outros cinco oficiais da PM, do setor de operações.
Todos continuam presos e foram denunciados pela PGR por omissão. Os militares ainda não foram julgados.
Intervenção
Além do afastamento de Ibaneis, o STF determinou uma intervenção na segurança pública do DF.
Ricardo Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça, assumiu o posto de interventor e passou a comandar a segurança do DF até o fim de janeiro. Ao final, o então interventor fez um relatório e apontou as falhas que encontrou que culminaram na invasão aos prédios públicos.
GSI e imagens
Então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Gonçalves Dias era responsável pela segurança do Palácio do Planalto.
Ele foi exonerado em 19 de abril após a CNN divulgar imagens do circuito interno do prédio mostrando G. Dias. A posição do então ministro foi vista como omissa pelos opositores diante do caso, até mesmo por integrantes do governo, cenário que levou à sua exoneração.
Após as imagens se tornarem públicas, todo o material foi enviado ao STF e à Polícia Federal, por determinação de Cappelli.
O general prestou depoimento à PF sobre o caso, bem como os outros militares que aparecem nas imagens. Não há indiciamento contra eles até o momento.
O advogado do general G. Dias não respondeu à reportagem. A defesa do coronel Fábio Augusto não se manifestou e a defesa do coronel Klepter Rosa não foi encontrada.