Após resistência de Marina, Lula e Simone não falam sobre ministérios em voo
Situação da senadora, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, permanece indefinida
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não conversou com a senadora Simone Tebet (MDB-MS) sobre seu futuro na Esplanada durante o voo de volta para São Paulo, apurou a CNN. Outros dois futuros ministros também estavam no avião.
A resistência da deputada Marina Silva em assumir o cargo de Autoridade Climática deixou Tebet em uma situação ainda mais delicada. Pela manhã, no encontro que teve com Lula, a senadora deixou claro que só assumiria o Meio Ambiente se Marina aceitasse o outro posto.
Não houve um convite formal para o Meio Ambiente, mas a posição de Tebet ficou explícita. Outras pastas que poderiam ser ocupadas pela senadora seriam Cidades, que é pleiteada pelo MDB da Câmara, e o Planejamento, que foi esvaziada com a criação do ministério da Gestão.
Depois do encontro com Tebet e antes de voar com a senadora para São Paulo, Lula se encontrou com Marina Silva. Após o encontro, a deputada eleita publicou um tuíte sobre a reunião.
“Tive uma boa conversa com Lula sobre os rumos da política socioambiental do país. Esclareço que no encontro não tratamos sobre o convite para assumir a autoridade climática, que defendo ser um cargo técnico vinculado ao ministério do Meio Ambiente”, escreveu.
Sinal
A declaração foi lida pelos políticos envolvidos nas conversas como um sinal de que Marina não vai aceitar entregar a pasta do Meio Ambiente para Tebet, que tem um histórico ligado ao setor ruralista.
Tebet ficou em terceiro lugar no primeiro turno das eleições e seu apoio foi fundamental para a vitória de Lula. Ela era vista como um nome garantido e da cota pessoal do presidente nos ministérios, mas está com seu futuro incerto.
A senadora preferia ter sido indicada para o Ministério do Desenvolvimento Social, mas enfrentou resistência do PT, que não quis entregar o programa Bolsa Família para outro partido. O cargo ficou com o senador Wellington Dias, do Piauí.
Se Tebet acabar fora do governo, será um duro golpe para o projeto de “frente ampla” prometido por Lula na campanha. Lula e Tebet só devem voltar a falar sobre o assunto na segunda-feira (26).