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    Após Moro acusar Bolsonaro, Moraes obriga PF a manter delegados de inquéritos

    Decisão de ministro do STF abarca investigações sobre fake news e atos antidemocráticos, também citadas em conversa entre presidente e ministro

    O ministro Alexandre de Moraes, do STF
    O ministro Alexandre de Moraes, do STF Foto: Rosinei Coutinho - 20.fev.2020/STF

    Gabriela Coelho,

    da CNN, em Brasília

    O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira (24) que a direção-geral da Polícia Federal mantenha no cargo delegados que trabalham em duas investigações que tramitam na Corte sob a sua relatoria. Tratam-se do inquérito que apura notícias falsas e ameaças contra o próprio STF e aquele que trata dos atos antidemocráticos do último domingo (19).

    A determinação, confirmada à CNN por fontes, aconteceu no momento em que Sergio Moro anunciava seu pedido de demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública, acusando o presidente Jair Bolsonaro de querer interferir politicamente na PF. Moro disse que o presidente gostaria de ter acesso a informações sigilosas sobre investigações em andamento.

    Segundo a TV Globo, o ex-ministro apresentou à emissora, a fim de provar suas acusações, o registro de um diálogo entre ele e Bolsonaro. Na conversa, o presidente teria enviado ao ministro uma matéria do site O Antagonista que trata destas duas investigações abarcadas pela decisão do ministro Alexandre de Moraes.

    Na sequência, disse que tratava de “mais um motivo para a troca”, em referência à possibilidade de exoneração do então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, fato que se confirmou na manhã desta sexta-feira (24).

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    De acordo com o texto compartilhado por Bolsonaro, a PF estaria investigando um grupo de 10 a 12 deputados federais próximos ao presidente, bem como empresários, que estariam envolvidos no compartilhamento das notícias falsas e na organização dos atos de domingo. O presidente Jair Bolsonaro discursou na manifestação, que é investigada por ter defendido o fechamento dos poderes Legislativo e Judiciário e a implementação de um regime autoritário.

    Creditando informações ao jornalista Merval Pereira, o site O Antagonista ainda afirma que os investigadores apuram a possibilidade de um grupo instalado no Palácio do Planalto e coordenado pelo vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente da República, estar envolvido no compartilhamento de notícias falsas e na organização destes protestos

    Nas mensagens apresentadas pelo ex-ministro à emissora, ele teria respondido ao presidente que a Polícia Federal apenas cumpre as diligências determinadas pelo relator das investigações, no caso o próprio ministro Alexandre de Moraes.

    O inquérito que trata dos ataques ao STF, conhecido como “inquérito das fake news”, foi aberto em março de 2019 e pode continuar até junho. Já o inquérito sobre os atos contra a democracia foi aberto para investigar “fatos em tese delituosos” envolvendo as manifestações, atendendo a um pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras.