Após fala racista de vereador, especialistas defendem revisão de linguagem
O vereador Arnaldo Faria de Sá (PP) afirmou em plenário que o ex-prefeito Celso Pitta era um 'negro de alma branca'
O PSOL apresentou uma representação contra o vereador de São Paulo Arnaldo Faria de Sá (PP), criticado por utilizar uma expressão racista para se referir ao ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. Durante debate na Câmara Municipal, Faria de Sá relembrou o período em que foi secretário de Pitta, a quem chamou de “negro de alma branca”.
Ouvidos pela CNN Brasil, especialistas falaram sobre a importância da revisão de termos do passado com metáforas que reproduzem e retomam preconceitos enraizados na sociedade.
O sociólogo José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, explica a raiz do termo dito pelo vereador. “Essa expressão do ‘negro de alma branca’ é dizer: Ele é negro, mas tendo em conta que ele tem uma posição servil, que ele não contesta, que ele se adequa, ele é um diferente, ele é alguém que pode conviver nesse meio de brancos”, explica
O docente dá ainda dois exemplos:
Denegrir – “Quando eu falo denegrir, significa justamente essa compreensão de que determinada ação possa denegrir, então, possa ter uma postura ou uma ação demeritória, sem mérito, desqualificada”
Criado-mudo – “Se diz com frequência a expressão do criado-mudo. E o criado-mudo se refere àquela tradição histórica em que o negro ficava diante dos ambientes mais íntimos dos senhores e ali não podia abrir a boca”
‘Precisamos nos educar todos os dias’
Segundo a advogada Paula Nunes, que faz parte do mandato Bancada Feminista do PSOL, há a necessidade de “entender que não existe nada completamente enraizado na sociedade que não pode mudar”.
“Precisamos nos educar todos os dias a não utilizar expressões que são racistas e entender que o reflexo social disso é continuar colocando como inferior um grupo que é majoritário”, explica.
Pedido de desculpas
O vereador do Progressistas se desculpou sobre a fala na Câmara. “Fiz um comentário parafraseando, sem qualquer intenção de ofender”, disse, em nota.