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    Após denúncias, Itamaraty remove embaixador do Mali

    A portaria 317 formalizando a remoção de Carlos Eduardo de Ribas Guedes foi publicada na noite desta terça-feira no boletim interno da pasta

    Caio Junqueirada CNN , Brasília

    O Itamaraty decidiu remover do posto o embaixador do Mali, Carlos Eduardo de Ribas Guedes, após a CNN revelar que ele é acusado por funcionários de “atos escravocratas”.

    A portaria 317 formalizando a remoção foi publicada na noite desta terça-feira no boletim interno da pasta.

    Ribas foi denunciado por um grupo de 11 funcionários da embaixada por assédio moral.

    O documento encaminhado ao governo do Mali diz que “efetivamente, há dois anos, os funcionários são vítimas de assédio, de gestos e propostas desumanas, degradantes, que ferem a honra e a dignidade e atos de caráter escravocrata”.

    O texto elenca algumas atitudes que o embaixador teria feito:

    “ – Ordenar que dois empregados da residência se ajoelhassem diante dele;

    – Chamar uma funcionária (mulher casada) de “puta” pelo simples motivo de organização da sua agenda;

    – Negar categoricamente que um dos motoristas ajudasse sua filha adolescente doente no hospital que no fim morreu, por motivos de que isso não estava previsto na legislação trabalhista;

    – Negar categoricamente que um outro motorista pudesse socorrer a sua mulher grávida no hospital por motivos de que isso não estava previsto na legislação trabalhista;

    – Negar categoricamente que um funcionário acompanhasse sua filha doente no hospital.”

    Os funcionários querem na prática que o governo de Mali expulse o embaixador. “No que diz respeito ao que está acima, os funcionários da embaixada vêm muito respeitosamente vos informar sobre a situação na qual vivemos dentro desta missão diplomática e solicitamos o seu apoio para acabar com o sofrimento deles”, afirma o texto.

    O documento diz que “o governo brasileiro tendo sido informado sobre essa situação despachou uma missão de inspeção a Bamako para ouvir todos os funcionários da embaixada incluindo dois do ministério brasileiro das relações exteriores”, e que “um procedimento administrativo disciplinar foi aberto em novembro de 2022 por aquele (imagino que seja o MRE, aqui), logo depois da missão de outubro, que ouviu os testemunhos de certas pessoas entra nós por meio de videoconferência”.

    Em razão das denúncias, o Itamaraty decidiu não expulsar o embaixador, mas realizar um Termo de Ajustamento de Conduta cujo extrato foi publicado no Diário Oficial da União na sexta-feira. Dentre as normas que violou, está a de “valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública”.

    Procurado, o Itamaraty informou a CNN que “o embaixador Carlos Eduardo de Ribas Guedes foi objeto de investigação no âmbito de processo administrativo disciplinar, cujo resultado foi a assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta, conforme orientação da CGU”. A CNN tenta desde segunda contato com Ribas, mas ele não se manifestou.

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