Após 4 meses, polícia de Roraima abre investigação sobre violência de garimpeiros em terra Yanomami
Documento revela apuração sobre fechamento de 11 postos de saúde que teriam virado postos avançados de atividades ilegais
Quatro meses após receber denúncias de associações de indígenas e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, a Polícia Civil de Roraima abriu nesta segunda-feira (30) investigação para apurar a participação de garimpeiros em atos violentos na terra indígena Yanomami que teriam contribuído para o fechamento de onze postos de saúde nas comunidades.
Os locais teriam sido apropriados para distribuição de alimentos, bebidas e combustíveis para os garimpeiros, deixando de funcionar para cuidar da saúde dos indígenas e se transformando em bases avançadas do garimpo ilegal.
O governo do estado foi informado do agravamento da situação no território em um ofícios encaminhados pela Hutukara Associação Yanomami e pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados em setembro e novembro do ano passado.
Documento obtido pela CNN mostra que só ontem, 30 de janeiro, a Polícia Civil solicitou apuração sobre as denúncias encaminhadas – já em meio a crise humanitária na região.
Agora, a Polícia quer apurar, por exemplo, se garimpeiros estariam usando um posto de saúde na localidade conhecida como Homoxi como base de abastecimento e distribuição de equipamentos, alimentação e equipamentos – desviando, assim, a finalidade do local, destinado a atender os indígenas. A pista de pouso que atende o posto também estaria sendo usada irregularmente por garimpeiros.
O foco das apurações é o fechamento de postos de saúde: só na localidade Serra do Surucucu, relata o documento que seis unidades foram fechadas; nas comunidades Haxiu, Kataroa e Kayanau, a Polícia investiga suposto fornecimento de armas, bebidas e o aliciamento de garimpeiros a indígenas, que teriam levado ao fechamento dos postos de saúde. Na comunidade Xitei, a busca da Polícia é sobre um conflito armado que também teria levado ao fechamento do posto da região.
A CNN procurou a Polícia Civil e o governo de Roraima e aguarda retorno.