Apesar de críticas indiretas a Bolsonaro, discurso de Lira agrada Planalto
O receio era de que presidente da Câmara cedesse à pressão de partidos de centro e citasse o nome de Bolsonaro ou mencionasse a palavra impeachment
O discurso do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), em resposta às ameaças do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) causaram alívio no Palácio do Planalto, segundo auxiliares presidenciais.
Pela manhã, com a expectativa do pronunciamento do líder do bloco do centrão, auxiliares presidenciais reclamam da possibilidade de Lira criticar diretamente o presidente e mencionar a pressão sobre a análise de um pedido de impeachment.
O receio principal era de que, caso citasse a questão do impeachment, mesmo se posicionando contra, o presidente da Câmara dos Deputados acabaria dando holofotes ao tema, dando espaço, mesmo que de maneira indireta, à discussão feita por partidos de centro.
Segundo assessores presidenciais, logo pela manhã, durante reunião ministerial, a articulação política do Palácio do Planalto foi avisada de que Lira não citaria o impeachment, mesmo diante da pressão de siglas como PSDB e PSD.
A avaliação final feita por auxiliares palacianos foi de que, apesar de críticas pontuais à postura de Bolsonaro no 07 de setembro, Lira deixou nas entrelinhas a mensagem de que o impeachment está fora de cogitação neste momento.
No discurso, Lira afirmou que a Câmara dos Deputados é o “motor de pacificação” para as discordâncias entre o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal e ressaltou que a Constituição Federal “jamais será rasgada”.
“A Câmara dos Deputados apresenta-se hoje como motor de pacificação. Na discórdia, todos perdem, mas o Brasil e a nossa história têm ainda mais o que perder. Nosso país foi construído com união e solidariedade e não há receita para superar a grave crise socioeconômica sem estes elementos”, disse Lira.