Anulação de leilão do arroz é “assunção de culpa” do governo, diz líder dos ruralistas no Congresso à CNN
Para líder da FPA, risco de judicialização é “total”; secretário do Ministério da Agricultura deixou governo em meio a crise
O líder da bancada do agro no Congresso, deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), defendeu, em entrevista à CNN, a instalação da CPI do Arroz.
“Houve uma assunção de culpa (do governo)”, afirmou, na terça-feira (11), o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) ao WW (domingo a sexta, às 22h).
A CPI do Arroz tem sido defendida por deputados para investigar os leilões de arroz do governo federal abertos após as chuvas no Rio Grande do Sul.
O estado é o maior produtor nacional de arroz, e o governo federal decidiu subsidiar a importação do produto sob a justificativa de conter uma escalada nos preços.
[https://preprod.cnnbrasil.com.br/blogs/fernando-nakagawa/economia/brasil-encerra-maio-com-o-arroz-branco-mais-caro-do-mundo-diz-fao/]
Nesta terça, após suspeitas de fraude, o governo anunciou a anulação do leilão realizado na semana passada e o cancelamento de um que estava previsto.
Na semana passada, a oposição acionou o Tribunal de Contas da União (TCU) apontando “comportamento atípico” das empresas que participaram do leilão.
Apuração do analista da CNN Caio Junqueira apontou divergências sobre a sociedade na maior arrematante individual do leilão, a Wisley A. de Souza.
Com sede em uma loja de queijos em Macapá, a empresa teve seu capital social alterado uma semana dias antes do leilão: de R$ 80 mil para R$ 5 milhões.
Em meio à crise, houve saída no governo: o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, colocou seu cargo à disposição.
“As comprovações de hoje do governo demonstram com clareza a necessidade de uma CPI”, afirmou Lupion à CNN.
Para ser aberta, a CPI do Arroz precisa ter, no mínimo, 171 assinaturas. Até a noite desta terça, havia 112.
Segundo o governo, com apoio da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Controladoria-Geral da União (CGU) para garantir a lisura, serão feitos novos leilões.
“Isso é um equívoco”, afirmou Pedro Lupion, para quem a judicialização dos leilões vai ser “total”.
“Não há necessidade de importação de arroz”, declarou, afirmando que a safra de arroz já colhida em solo gaúcho garante que não haverá desabastecimento.
“Isso (leilão) desequilibra completamente uma cadeia produtiva enorme no Brasil”, acrescentou. “Ele não precisava acontecer e tinha coisa estranha por aí”, finalizou.
* Com informações de Daniel Rittner, da CNN, em Brasília