Análise: PT e governo apostam em virada após julgamento de Bolsonaro
O partido e administração federal esperam mudança no cenário político com processo contra ex-presidente no STF
O analista político da CNN Pedro Venceslau avalia que tanto o Partido dos Trabalhadores (PT) quanto o governo federal estão apostando em uma virada política após o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF).
A expectativa é que o processo reforce o clima de polarização no país.
Segundo Venceslau, a situação atual do governo Lula é preocupante, com uma erosão significativa de sua base de apoio tradicional.
A queda é notável especialmente no Nordeste, região historicamente favorável ao PT, onde o apoio caiu de 49% para 33%. Entre eleitores com renda de até dois salários mínimos, a aprovação diminuiu de 44% para 29%.
Reação do PT à queda de popularidade
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, reagiu à divulgação desses dados com uma mensagem nas redes sociais.
No comunicado, Hoffmann busca atribuir a responsabilidade pela queda de popularidade a fatores externos, como a “especulação financeira” da Faria Lima, a gestão anterior do Banco Central, a crise do PIX e as políticas de preços de combustíveis dos governadores.
Como estratégia para reverter o cenário desfavorável, o PT aposta em programas sociais como o Bolsa Família e o programa de distribuição de gás.
Além disso, a legenda planeja intensificar a “disputa política” e fazer “comparações” com o governo anterior.
Expectativas para o julgamento de Bolsonaro
O PT e o governo Lula depositam grandes esperanças no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no STF, previsto para o segundo semestre.
A expectativa é que o processo coloque a oposição na defensiva e reavive o debate sobre uma suposta “conspiração para dar um golpe de Estado”.
Venceslau destaca que o PT pretende reforçar a narrativa de polarização, posicionando-se como defensor da democracia em oposição ao que chamam de tentativa de golpe. Esta estratégia visa reverter a atual narrativa desfavorável ao governo.
O analista ressalta, no entanto, que o mês foi particularmente difícil para o presidente Lula, marcado por gafes do próprio mandatário e erros da equipe econômica, fatores que têm favorecido a oposição.
