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    Ambientalistas avaliam saída de Salles como ‘tardia’ e veem incertezas com Leite

    Salles é investigado no Supremo Tribunal Federal por supostamente agir para beneficiar madeireiros

    Basília Rodriguesda CNN

     A saída de Ricardo Salles do ministério do Meio Ambiente repercutiu entre ambientalistas críticos do agora ex-ministro. “Vai fazer falta para os madeireiros, grileiros e desmatadores”, afirmou à CNN o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini. Salles é investigado no Supremo Tribunal Federal por supostamente agir para beneficiar madeireiros.

    Astrini ressalta o fato de, no lugar do ex-ministro, assumir o atual Secretário da Amazônia e Serviços Ambientais da pasta, Joaquim Álvaro Pereira Leite, que é ruralista,  já integrou a Sociedade Rural Brasileira (SRB) e é da confiança de Salles.

     

    A escolha de quem irá sucedê-lo, até aqui, está sendo vista,  entre ambientalistas, como uma troca de seis por meia dúvida. “É um perfil educado e fala bem, mas não tem um histórico de trabalho no setor ambiental, exceto o ultimo ano como Secretário da Amazônia, que tinha como uma das tarefas o enfrentamento do desmatamento na Amazônia. O Ministério do Meio Ambiente precisa dar um cavalo de pau de 180 para acertar o rumo”, afirmou à CNN o engenheiro florestal Tasso Azevedo, especialista do Observatório do Clima e ex-diretor do Serviço Florestal Brasileiro.

    O relacionamento de Salles com entidades ambientais nunca  foi bom.

    Por vezes, o ministro era interpretado como um agente do governo que advogava pela pauta rural e não ambiental.

    Thais Bannwart, porta-voz de Políticas Públicas do Greenpeace, afirma que a situação já estava insustentável pelo repertório de ações e falas controversas do ex-ministro, como quando defendeu, em reunião no Palácio do Planalto, que o governo aproveitasse a pandemia para deixar passar “a boiada” – uma alusão a projetos e resoluções na área ambiental. A representante do Greenpeace ressalta que mesmo com a demissão do ex-ministro, as preocupações com a agenda ambiental do país se mantêm.

    “A saída de Salles foi tardia mas necessária. Entretanto, a estratégia do governo para agenda ambiental não deve mudar e deve seguir tentando avançar na desregulamentação da proteção ambiental e dos povos indígenas”, diz. “O pedido de demissão de Salles é reflexo do cerco que se fechou a seu redor por diversas investigações em andamento contra ações do ex-ministro, que deliberadamente atentava contra própria pasta”.

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