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    Ala política endossou PEC considerada “suicida” por Guedes, dizem fontes do Planalto

    Impacto estimado pela equipe econômica é de pelo menos R$ 100 bilhões, o que levaria a um desarranjo fiscal e alta do dólar e dos juros

    Caio Junqueira

    A ala política do governo endossou, segundo fontes do Planalto, a mais nova Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que visa alterar o preço dos combustíveis e que foi apresentada nesta sexta-feira (4) pelo senador Carlos Fávaro, do PSD do Mato Grosso.

    Ela foi considerada por integrantes do Ministério da Economia como “kamikaze” e “suicida”. O impacto estimado pela equipe econômica é de pelo menos R$ 100 bilhões, o que levaria a um desarranjo fiscal e alta do dólar e dos juros.

    Isso no dia seguinte ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), terem contrariado o ministro Paulo Guedes e apoiado a apresentação de uma PEC que também visa mexer no preço dos combustíveis em contraposição ao que a equipe econômica defende.

    A PEC apresentada nesta sexta pelo senador é considerada pior que a de ontem, mas, ainda assim, recebeu a assinatura de integrante da articulação política do governo. O líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), e o vice-líder do governo no Senado, Carlos Viana (PSD-MG), assinaram a medida.

    Além disso, outros parlamentares alinhados ao Palácio do Planalto também endossaram a matéria, como Marcos Rogério (DEM-RO), favorito para assumir a liderança do governo na casa, e Carlos Portinho (PL-RJ), que integra o mesmo partido do presidente Jair Bolsonaro (PL).

    A apresentação da PEC teve aval de ministros da ala política, segundo fontes do governo. Pelo menos um ministro deste grupo informou à CNN, sob reserva, apoiar o texto. Oficialmente não há ainda uma posição.

    “O governo não tem posição sobre ela”, disse à CNN a responsável pela articulação política do governo, ministra Flávia Arruda. Ela se encontrou o senador antes de ele apresentar a proposta. “Ele me explicou a PEC apenas”, disse Arruda.

    Segundo fontes ligadas ao Palácio do Planalto, Guedes superestima os valores da perda de arrecadação para criar o que classificam de terrorismo no mercado. Na PEC desta sexta-feira, dizem as mesmas fontes, o impacto é de metade do que a Economia calculou inicialmente, ou seja, de R$ 50 bilhões.

    Além disso, dizem que Guedes não apresentou um texto conforme prometera. Isso teria levado a necessidade de que a política agisse, uma vez que o ano legislativo já iniciou. O mesmo grupo diz o preço dos combustíveis caminha para ser um dos temas da eleição com potencial para prejudicar não só a reeleição de Bolsonaro, como também a dos ministros que vão às urnas neste ano. Caso, por exemplo, de Flavia Arruda, Rogerio Marinho, Onyx Lorenzoni e João Roma.

    Guedes aposta, porém, na sensibilidade fiscal do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para barrar tanto essa proposta como a apresenta nesta quinta-feira na Câmara. Nesta manhã, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) se encontrou com ele e afirmou a interlocutores que Pacheco deverá dar prioridade às propostas que já estavam em tramitação, como a proposta que altera a forma de cálculo do ICMS. O Ministério da Economia apoia esse projeto.