Aécio e ex-chefe do MP-RJ são investigados por arquivar processo contra deputado
Tucano foi citado na delação do ex-governador do Rio Sérgio Cabral, que o acusa de interferir para beneficiar Dimas Toledo, também deputado e aliado do mineiro
O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-procurador-geral de Justiça do Rio, Marfan Martins Vieira, são investigados por suposta interferência para arquivar processo criminal contra o deputado federal Dimas Toledo (PP-MG), ex-diretor da Furnas e antigo aliado do tucano. O caso é apurado sob sigilo e está no Supremo Tribunal Federal (STF) devido à prerrogativa do foro privilegiado dos parlamentares.
Aécio teria agido para arquivar as investigações contra Toledo no Ministério Público e na Polícia Civil do Rio de Janeiro. Os nomes de Marfan Martins Vieira e do delegado Fernando Veloso, ex-chefe da corporação, são citados por suposto conhecimento do esquema.
As investigações derivam da delação premiada do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB), homologada em fevereiro pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo.
O advogado Alberto Toron, que defende Aécio Neves, afirma que o deputado “desconhece completamente o assunto e refuta veementemente qualquer ilação que envolva seu nome”. “É preciso que as autoridades tomem cuidado com acusações sem qualquer fundamentação, feitas por aqueles que buscam desesperadamente adquirir alguns benefícios pessoais”, afirmou.
Delação
Em fevereiro do ano passado, o ex-procurador-geral de Justiça havia sido citado por Cabral durante depoimento ao Ministério Público Federal por suposta atuação pelo arquivamento de processos relacionados ao ex-governador.
Em troca, Cabral disse aos procuradores que atuaria para reconduzir Vieira à chefia da promotoria fluminense. À época, Marfan Vieira afirmou não haver nexo entre os motivos alegados por Cabral e a sua nomeação. O ex-procurador-geral ocupou a chefia do Ministério Público fluminense entre 2013 a 2017, entre as gestões de Cabral e Luiz Fernando Pezão (MDB).
O procurador afirmou que as acusações feitas por Cabral são “levianas, inverídicas e temerárias”, classificando o ex-governador como “um delinquente sem a menor credibilidade”. Ele diz que o emedebista busca “obter vantagens processuais que amenizem os seus quase 400 anos de condenação” e que vai processá-lo por denunciação caluniosa e danos morais.
O delegado Fernando Veloso disse que desconhece “qualquer fato como esse e eu jamais intervim em investigação nenhuma”.
Deputados
Dimas Toledo e Aécio Neves também são investigados na Lava Jato por propinas da Odebrecht e da Andrade Gutierrez. O tucano foi acusado pela PF de receber R$ 65 milhões em vantagens indevidas entre 2008 e 2011, período em que ocupou os cargos de governador de Minas Gerais e senador.
Toledo, segundo acusação, agia como intermediário dos pagamentos, e foi indiciado por corrupção passiva. Na época do Mensalão, o deputado ficou conhecido pela chamada “Lista de Furnas”, que apontaria o nome de 156 políticos de oposição supostamente beneficiados com recursos da estatal via caixa dois nas eleições de 2002.
O ex-diretor também foi delatado por Ricardo Assaf na Operação Descarte como suposto beneficiário de R$ 3,7 milhões de um total de R$ 40 milhões desviados da Companhia Energética de Minas (Cemig). Em nota, Dimas Toledo afirma que seria “esdrúxulo” um processo contra ele no Rio de Janeiro por possuir foro privilegiado no STF e diz que desconhece a investigação supostamente arquivada.