Advogado de Bolsonaro questiona print que motivou operação da PF
Fábio Wajngarten afirmou que defesa ainda não teve acesso ao processo
O advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) Fábio Wajngarten questionou um print de uma conversa pelo WhatsApp usado pela Procuradoria Geral da República, que motivou a operação da Polícia Federal ontem.
Na conversa entre Luciana Almeida, assessora do vereador Carlos Bolsonaro, e Alexandre Ramagem, aparece a data em que a mensagem foi enviada ao ex-diretor da Abin: terça-feira, 11 de outubro. Em 2022, o dia 11 de outubro corresponde a uma terça-feira.
Alexandre Ramagem deixou a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) em março de 2022 para concorrer ao cargo de deputado federal. O documento da PGR, no entanto, não menciona o ano de 2022. O documento faz referência ao ano de 2020.
Fontes da Polícia Federal que conversaram com Raquel Landim e Teo Cury informaram à CNN que a mensagem foi enviada em 2022, logo após o primeiro turno das eleições no dia 3 de outubro e antes do segundo turno
“Em leitura primária, em face ao que foi divulgado pela imprensa, o print causou estranheza e muita surpresa. A equipe de advogados não teve acesso aos autos ainda”, afirmou Wajngarten à CNN.
Outro questionamento, feito ainda sobre o print, trata-se da sinalizada do aplicativo de WhatsApp sobre quando a mensagem foi enviada pela assessora do Carlos Bolsonaro a Alexandre Ramagem. O WhatsApp sinaliza que uma das mensagem – em que a assessora cita inquéritos e diz que PR e os 3 filhos estão envolvidos – foi enviada “hoje”.
Fábio Wajngarten questiona como foi feito o print da conversa no dia em que a mensagem foi enviada pela assessora, já que no print aparece a sinalização do WhatsApp do momento do envio: a palavra “hoje”.
Advogados questionaram se os celulares de Ramagem ou da assessora de Carlos Bolsonaro Luciana Almeida já estavam com autorização de quebra de sigilo desde outubro de 2022, já que o celular do atual deputado Alexandre Ramagem foi apreendido na quinta-feira (25) de janeiro de 2024 em outra operação da Polícia Federal.
Sobre os questionamentos feitos pelo advogado de Jair Bolsonaro, Fábio Wajngarten, a CNN procurou a Polícia Federal, que respondeu que não se manifesta sobre investigações em curso.
Operação
O vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi alvo de buscas da Polícia Federal (PF) na manhã de segunda-feira (29). A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Agentes cumpriram os mandados de busca e apreensão no gabinete do vereador na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e em sua residência na Barra da Tijuca. Além disso, um mandado foi cumprido na casa da família em Angra dos Reis, no litoral fluminense, onde Carlos está com o pai.
A ação é um desdobramento da Operação Vigilância Aproximada, que investiga o monitoramento ilegal de autoridades por parte da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão do ex-diretor-geral Alexandre Ramagem – atualmente deputado federal pelo PL -, que comandou o órgão no governo Bolsonaro.
Nesta nova fase, a PF busca identificar os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente pela Abin por meio de ações clandestinas. Ao todo foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão em Angra dos Reis (1), Rio de Janeiro (5), Brasília (1), Formosa (1) e Salvador (1).