Rolando Alexandre deve mostrar que PF é instituição de estado, diz associação
O presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal falou sobre a escolha do substituto de Maurício Valeixo no comando da PF
O presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Edvandir Paiva, avaliou, em entrevista à CNN, nesta segunda-feira (4), a escolha do delegado Rolando Alexandre para o cargo de novo diretor-geral da Polícia Federal (PF). A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União e o Termo de Posse já foi assinado na manhã desta segunda.
“Ele entra em um momento em que todo mundo está de olho e qualquer ação dele terá interpretações. Nós estaremos acompanhando atentamente e acreditamos que ele tenha nas veias o sentimento da nossa cultura institucional”, declarou Paiva, acrescentando qual será a missão do novo diretor-geral. “Nós não aceitamos intervenções na PF. A PF é um órgão de estado e o doutor Rolando entra com a responsabilidade de fazer funcionar efetivamente o afastamento institucional do governo federal e que a PF continue sendo interpretada pela sociedade sobre uma polícia de estado”, completou.
Para o presidente da ADPF, o momento de crise pede um líder que traga estabilidade para que a PF continue o seu trabalho. Com isso, Paiva vê que Alexandre “é um nome técnico, tido internamente como um colega trabalhador, que resolve problemas e busca soluções rápidas”. “Com esse perfil, acredito que terá bastante apoio interno”, classificou.
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Paiva ainda afirmou que o apoio não é sinônimo de “carta branca” ao novo diretor-geral e que espera que ele tenha “um ambiente de tranquilidade para a gestão dele” com “o governo federal mantendo distância republicana necessária para deixar a PF trabalhar”. Ele ainda defendeu que o novo diretor-geral tenha total autonomia para formar a equipe para que não haja aparelhamento de nenhum cargo da PF.
O presidente da ADPF disse considerar que o cargo em meio à crise “é um desafio enorme”. “Talvez o maior para um delegado que fosse nomeado nesse momento”, classificou. Ele voltou a criticar a falta de estabilidade no comando da PF e cobrou mudança. “Vamos para o quarto diretor-geral em menos de três anos e isso não faz bem para ninguém. Esperamos que o doutor Rolando tenha estabilidade”, concluiu.
Rolando Alexandre de Souza é delegado da Polícia Federal. Ele foi superintendente da PF em Alagoas entre 2018 e 2019. Em setembro de 2019, assumiu o cargo de diretor da Abin a convite de Alexandre Ramagem. É considerado braço direito Ramagem, que teve a nomeação para a direção da PF suspensa pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
