Acho improvável que Brasil queira repetir em 2022 radicalismo de 2018, diz Ciro
Ciro Gomes (PDT) falou sobre cenário político após decisão de ministro Fachin, que torna Lula elegível
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) declarou achar “muito improvável que a sociedade brasileira queira repetir em 2022 a confrontação radicalizada”, em entrevista à CNN nesta segunda-feira (8). A fala repercute a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF) em anular as condenações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, referentes aos casos julgados pela Justiça Federal do Paraná, e torná-lo elegível.
“Acho muito justo que o aliado do Lula se sinta feliz por ter corrigido essa grande injustiça que eu denunciei esses anos todos, portanto o processo é nulo, e o Lula tem devolvido seus direitos políticos, isso eu acho bom para o Brasil. Agora a política vai dizer amanhã se é disso que o Brasil precisa, eu acho muito improvável que a sociedade brasileira queira repetir em 2022 aquela confrontação radicalizada que marcou a divisão da política brasileira em 2018”, afirmou.
Para Ciro, o momento é de ponderação e foco na atual situação do Brasil, principalmente, em relação à pandemia.
“A tarefa não é só derrotar o Bolsonaro, é construir a saída do Brasil, que pede diálogo, equilíbrio, fim do radicalismo político e o ódio. Tem caracterizada essa confrontação com o lulismo e o bolsonarismo. Claro que nessa hora os militantes do PT ficam felizes, mas nesse momento estamos ultrapassando 260 mil mortes em uma pandemia, o Brasil tem uma crise econômica sem par, tudo isso que vai interagir, passado o momento de perplexidade, vamos cair na amarga realidade brasileira”.
Sobre sua candidatura à presidência em 2022, Ciro Gomes afirmou que essa é a tarefa que o partido quer dele, e a tarefa que está disposto a cumprir, mas que esse não é o momento de discutir sobre candidatura.
Decisão Fachin
Ciro Gomes considerou a decisão do ministro esperada, uma vez que, segundo o político, há anos ele comenta sobre a decisão do ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro, responsável, na época, pelas investigações da Lava-Jato.
“Quem me acompanha sabe que estou falando isso de 2016, Sergio moro comportou-se como parte arbitrária no processo de Lula, o ministro Fachin e o Supremo tiveram essa evidência das aberrações do Sergio Moro, só resolveram o problema 4 anos depois, o Lula amargou não sei quanto tempo de cadeia. Isso é uma constatação jurídica e um pouco de ponderação, o Lula não foi declarado inocente nesse momento, o que Fachin fez interrompe a suspensão, na tentativa de proteger Sergio Moro e sua obra arbitrária na Lava Jato”, diz Ciro.
Ciro reiterou que não considera o ex-presidente inocente e que o processo poderá ainda ter desdobramentos.
“Não que ele seja inocente, porque não é mesmo, mas foi perseguido pela arbitrariedade do Sergio Moro. Se o juiz validar tudo que aconteceu, ele será sentenciado de novo, toda a instabilidade jurídica que interage com a política brasileira. Acho que foi feita justiça, Sergio Moro foi arbitrário, constrangendo a lei, Lula tem direito de ser julgado com decência”, declarou.