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    Abin paralela: o que se sabe sobre o depoimento de Ramagem à PF

    Com mais de cem perguntas, depoimento durou cerca de seis horas e meia

    Pedro Pupulimcolaboração para a CNN , São Paulo

    O deputado e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem (PL-RJ) prestou depoimento, na quarta-feira (17), à Polícia Federal (PF), no Rio de Janeiro, no âmbito da investigação da chamada “Abin paralela”.

    Ramagem ocupou o cargo de diretor da Abin durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), período em que teria usado o órgão para espionar ilegalmente e produzir fake news contra desafetos daquele governo. Entre eles, estariam, por exemplo, parlamentares e jornalistas. Ramagem nega as acusações.

    Confira o que se sabe a respeito do depoimento do deputado:

    Quanto tempo durou o depoimento?

    Ramagem prestou depoimento por seis horas e meia. O interrogatório foi marcado para às 15h, mas o parlamentar chegou atrasado, às 15h20, e somente deixou o prédio às 21h50.

    Quantas perguntas foram feitas?

    A lista de questionamentos da PF foi extensa. Segundo investigadores ouvidos pela CNN, foram feitas cerca de 100 perguntas, respondidas por Ramagem.

    Para cada ponto e a cada suposto espionado pela chamada “Abin paralela”, havia um questionamento para que ele esclarecesse.

    O que foi perguntado?

    A PF questionou diversos pontos relacionados à suposta atividade de espionagem. Por exemplo, o drone usado para sobrevoar a casa de Camilo Santana, hoje ministro da Educação, mas à época governador do Ceará pelo PT.

    Além disso, os agentes questionaram temas como o áudio gravado por Ramagem em reunião com Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno, então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e duas advogadas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente. Esse material foi encontrado no computador do ex-diretor.

    O que Ramagem disse?

    O ex-diretor da Abin negou que tenha ordenado qualquer espionagem ilegal. Contudo, citou dois de seus subordinados como responsáveis pelas atividades ilícitas investigadas.

    Os citados seriam o agente da PF cedido à Abin Marcelo Araújo Bormevet e o militar do Exército — também cedido à Abin — Giancarlo Gomes Rodrigues, assessor de Ramagem no período das atividades clandestinas.

    Bormevet e Rodrigues foram presos na semana passada na mais recente fase da operação Última Milha. A CNN tenta contato com as defesas de Bormevet e Rodrigues.

    Como reagiram os investigadores?

    De acordo com os delegados da PF ouvidos pela CNN, o ex-diretor está “tentando tirar sua responsabilidade” no caso.

    No entanto, os agentes acreditam que as declarações de Ramagem contrariam os indícios levantados, que apontam no sentido de que era ele próprio quem comandava a “Abin paralela”.

    Quem mais será ouvido?

    Mais três depoimentos estão agendados. Serão ouvidos servidores da Abin e testemunhas, conforme antecipou a CNN.

    *Com informações de Elijonas Maia

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