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    Abin paralela: acusados falaram sobre “tiro na cabeça” de Alexandre de Moraes

    PF encontrou diálogo entre policial e militar do Exército acusados de integrar esquema de espionagem ilegal; “esse careca tá merecendo algo a mais", disse um dos investigados, segundo documento

    Henrique Sales Barrosda CNN , São Paulo

    A Polícia Federal identificou uma conversa entre dois investigados no caso da “Abin paralela” na qual um policial e um militar do Exército afirmam que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes merecia “algo a mais”: um “head shot”. A expressão significa “tiro na cabeça” e costuma ser usada por jogadores de jogos de tiros.

    O diálogo se deu o agente da PF Marcelo Araújo Bormevet e o militar do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues e consta em inquérito da PF que embasou a prisão da dupla e de outros acusados durante a nova fase de operação que investiga o caso, nesta quinta-feira (11).

    Bormevet foi chefe do Centro de Inteligência Nacional (CIN) durante a gestão do hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) na Abin, enquanto Gianrcarlo foi seu subordinado na instância.

    Os comentários foram feitos após Moraes, em agosto de 2021, afastar o delegado da PF Victor Neves Feitosa Campo de inquérito sobre um suposto ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), após informações sigilosas das investigações serem vazadas.

    “Tá ficando foda isso. Esse careca tá merecendo algo a mais (sic)”, disse Giancarlo, de acordo com a transcrição da conversa que consta no documento.

    Bormevet respondeu: “Só 7.62 (sic)”, fazendo referência a um fuzil.

    Giancarlo, então, complementou: “Head shot”. A expressão significa “tiro na cabeça”.

    Moraes é o relator da investigação sobre a “Abin paralela”, que apura um suposto uso ilegal da aparelhagem da Agência Brasileira de Inteligência para monitoramento e espionagem de desafetos e opositores ao governo de Jair Bolsonaro (PL).

    Ao determinar a prisão dos investigados, Moraes rejeitou um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) e embasou a decisão em relatório da PF.

    Segundo a PF, Giancarlo e Bomlevart “foram intimados para prestar esclarecimentos sobre os fatos”, mas não compareceram às oitivas.

    “O primeiro encaminhou atestado de saúde para justificar o não comparecimento, o segundo se reservou ao direito sagrado ao silêncio sob a justificativa de não ter tido acesso às diligências de análise em andamento”, de acordo com a corporação.

    Ambos também conversaram sobre um possível processo de impeachment contra Moraes, segundo a PF. No diálogo, Bormevet disse, de acordo com os autos: “Com esse careca filho da p*ta”, só tiro mesmo”.

    A CNN busca contato com as defesas de Bormevet e Gianrcarlo para um posicionamento sobre a prisão de ambos e as revelações do inquérito da PF.