Abin é reestruturada e passa a contar com cinco mulheres em cargos de direção
Agência é composta por oito departamentos; a partir de agora apenas três são comandados por homens
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) passou por uma reestruturação em suas diretorias nesta semana em meio às investigações sobre um esquema de monitoramento ilegal de adversários políticos de Jair Bolsonaro (PL). Pela primeira vez, a agência conta com cinco diretoras em sua estrutura.
A Abin é composta por oito departamentos. Cinco passam a ser ocupados por mulheres e três, por homens. Todas são oficiais de inteligência da agência. Trata-se da maior presença feminina em cargos de direção desde a criação da Abin, em 1999.
1. Departamento de Inteligência Externa: Ana Martins Ribeiro
2. Departamento de Contrainteligência: Cristina Célia Rodrigues
3. Departamento de Administração e Logística: Nilza Yamazaki
4. Departamento de Gestão de Pessoas: Isabel Gil Balue
5. Escola de Inteligência: Ana Cruz Pereira da Silva
A reformulação das diretorias já estava prevista, de acordo com a Abin, e vinha sendo estudada desde 2023. O anúncio das mudanças, no entanto, foi feito nesta quarta-feira (31), dias depois da deflagração de novas fases da operação mirando a atuação da agência no governo passado.
A nomeação dos diretores dos departamentos é de competência do diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa. A única mudança que não estava prevista há mais tempo era a do comando da Escola de Inteligência, que foi feita de última hora.
A troca aconteceu após a queda do diretor adjunto Alessandro Moretti, número dois da Abin. Ele foi demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta terça-feira (30) depois de a Polícia Federal apontar um possível conluio entre investigados na operação e a atual gestão da Abin.
Para o lugar de Moretti, Lula escolheu o especialista em inteligência Marco Cepik que comandava a Escola de Inteligência da Abin. A instituição passa a ser chefiada por Ana Cruz Pereira da Silva.
O Diário Oficial da União desta quarta-feira formalizou as recentes mudanças da composição das diretorias da Abin. A edição traz a troca de Moretti por Cepik, quatro substituições em diretorias, duas designações para cargos que estavam vagos e a mudança no comando da Escola de Inteligência.
Protagonismo feminino
A agência foi comandada em seus primeiros anos, a partir de 1999, pela diretora-geral Marisa Del’Isola, que foi professora da Escola de Inteligência. Ela foi a primeira e única mulher a chefiar a Abin.
Em seu site oficial, a Abin reconhece que há muitos espaços a serem ocupados por mulheres, avalia que há oportunidades de protagonismo para elas em suas equipes e afirma estar comprometida a tornar-se um ambiente de trabalho mais inclusivo e acolhedor.
A Abin diz que a abrangência e a sensibilidade dos temas atinentes à atividade de inteligência exigem que seu quadro de profissionais seja plural.
“Para uma atividade que assessora o Poder Executivo no atingimento dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, sem tal representação das servidoras em um órgão de Estado, não há como construir uma sociedade livre, justa e solidária, que promova o bem de todos. Nem mesmo é possível entender de forma plena os desafios do país e do mundo sem a voz e o pensamento das mulheres”, diz a agência.