A portas fechadas, Alcolumbre diz que Ramos é ‘mal-interpretado’
Presidente do Congresso disse que o general é, hoje, a 'peça-chave' da relação política do Executivo com o Congresso
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), usou a reunião de entrega da proposta de reforma tributária do governo, nesta terça-feira (21), para fazer um gesto político ao ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.
A portas fechadas, na presidência do Senado, Alcolumbre disse que o general é, hoje, a “peça-chave” da relação política do Executivo com o Congresso, e afirmou que Ramos tem sido “muitas vezes mal-interpretado nessa relação”. “Injustamente.”
“O ministro Ramos tem se dedicado ao diálogo sido o elo de ligação dessa Casa com o Executivo. Se não tiver uma ponte de ligação com o governo, este lado da rua, esta Casa não consegue compreender qual é a mensagem do Executivo e no gabinete de Secretaria de Governo a gente encontrou esse ponto de interloculação”, disse Alcolumbre.
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O aceno do presidente do Senado a Ramos acontece no momento em que o ministro responsável pela articulação política do governo Jair Bolsonaro voltou a ser criticado por importantes alas do Congresso. Líderes partidários começaram a demonstrar insatisfação a atuação do general, dizendo que os acordos do Palácio do Planalto com o Legislativo não estavam sendo cumpridos.
Alcolumbre também aproveitou a cerimônia reservada para acenar ao colega de partido e presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Nos últimos dias, a resistência do comandante do Senado de retomar o debate da reforma tributária numa comissão mista, formada por deputados e senadores, incomodou Maia. De acordo com relatos, a clima entre os dois era ruim.
“Quero dizer que essa Casa está unida. Nada nos dividirá, porque nós somos homens públicos. Podemos, em algum momento, ter pensamentos diferentes, mas vamos trabalhar todos os dias para fazer as coisas acontecerem pelo Brasil. Aqueles que apostaram na nossa divisão vão quebrar a cara. Estamos mais juntos do que nunca”, disse Alcolumbre.
O presidente do Senado também afirmou que “muitos torceram” para que o encontro não ocorresse, mas que ali estava “consolidada a relação de amizade e de cumplicidade” entre entre ele e Maia.
No mesmo encontro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, fez acenos ao Congresso, afirmando que “é a política que dá o timing da reforma, é a política que tem voto, que representa o povo”. “Os ministros são ferramentas, instrumentos da política. Nós trabalhamos muito bem juntos.’
Guedes também chamou o Alcolumbre de “gigante”. “Davi tem sido um gigante. Toda vez que tem uma confusão política, ele vem e nos ajuda. Bota a bola no chão e recomeça o jogo”, disse o chefe da Economia.