À PGR, Pazuello disse que sabia da crise no Amazonas antes do que afirmou à CPI
Ex-ministro da Saúde afirmou ao Ministério Público ter ficado ciente em 8 de janeiro; aos senadores, o general deu a data de 10 de janeiro

Um relatório parcial das ações do Ministério da Saúde na crise do oxigênio em Manaus encaminhado no dia 17 de janeiro deste ano pelo ex-ministro da saúde Eduardo Pazuello à Procuradoria-Geral da República (PGR) coloca em xeque a versão dada pelo próprio Pazuello à CPI da Pandemia sobre a data em que ele soube da crise do oxigênio no Amazonas no início do ano.
O documento a que a CNN teve acesso tem o timbre do gabinete do ministro no Ministério da Saúde e é intitulado “ações emergenciais decorrentes do agravamento dos casos de covid-19 no estado do amazonas”.
Ele relata ao Ministério Público Federal (MPF) as ações realizadas pela pasta entre os dias 6 e 16 de janeiro de 2021 no estado e afirma que o problema foi informado a ele no dia 8 de janeiro. No depoimento à CPI, Pazuello afirmou ter sido informado no dia 10 de janeiro.
“Foi detectado, ainda, logo no início do período, a gravíssima situação dos estoques de oxigênio hospitalar em Manaus, em quantidade absolutamente insuficiente para o atendimento da demanda crescente. Tal problema chegou ao conhecimento do Ministério no dia 8 de janeiro, por meio de um e-mail enviado por Petrônio Bastos, da White Martins (fabricante do produto), no qual remete, em anexo, cópia de comunicado daquela Empresa à Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas, datado de 7 de janeiro, explicando o possível desabastecimento e indicando, ao Estado, buscar outras fontes para o produto.”
Pazuello anexa nessas informações encaminhadas por ele mesmo ao STF o email que Petronio Bastos, executivo da White Martins, encaminhou não ao ministério, mas a Secretaria de Saúde do Amazonas alertando do problema.
“O imprevisto aumento da demanda ocorrido nos últimos dias agravou consideravelmente a situação de forma abrupta, superando em muito o volume contratado pela Secretaria junto à White Martins, fazendo com que sejam necessários novos esforços adicionais para que a totalidade das necessidades sejam supridas.
Assim sendo, considerando a essencialidade do produto em destaque, servimo-nos da presente para recomendar que a Secretaria identifique a faça a aquisição de volumes adicionais ao contrato diretamente de um outro fornecedor que seja capaz de aumentar a disponibilidade do produto nas áreas críticas.”
Além desses documentos, há uma mensagem encaminhada pelo governo do Amazonas ao então ministro Pazuello no dia 8 de janeiro. Nesse documento, ele é alertado da “iminência de esgotamento” do oxigênio.
“Em tratativa com a empresa White Martins, no dia 07.01.2021, foi comunicada a necessidade de suporte de gás oxigênio, utilizado para o tratamento e recuperação de pacientes acometidos de COVID-19, dada a devida alta de contaminação e por conseguinte aumento no número de casos de internação, o que ocasionou o súbito aumento no consumo. Dada a iminência de esgotamento do referido insumo e como forma de manter o serviço em lume, resguardando a vida dos pacientes internados na Rede Estadual de Saúde a empresa informou que possui o oxigênio na Cidade de Guarulhos/SP, necessitando de apoio para transportar a referida carga do aeroporto de Guarulhos em translado para o estado do Amazonas, cuja carga estará em condições de embarque às 16 horas do dia 10.01.2021, em caráter de urgência.”
Procurado, Pazuello não se manifestou.
