Veja dicas de gestão para preparar o seu negócio para 2025
Análise de dados, mudança de cultura e uso da tecnologia são exemplos de medidas que ajudam a alavancar resultados
A importância de um bom planejamento estratégico é assunto obrigatório em rodas de conversa de empreendedores de todos os setores.
Isso porque um plano estruturado para os doze meses do ano pode não apenas nortear as ações de pequenos negócios (PMEs) no curto prazo, mas também prepará-los para situações adversas, ajudando na escolha das melhores táticas para contornar imprevistos estruturais e financeiros.
Longe de ser uma tarefa restrita às etapas anteriores à criação de um negócio, a elaboração de um planejamento estratégico é também uma poderosa ferramenta para realizar pequenos ajustes ao longo do percurso e, assim, promover uma gestão mais eficiente para as empresas.
De acordo com Rodrigo Tognini, CEO da Conta Simples, plataforma brasileira de gestão de despesas corporativas, uma das principais dicas de gestão que podem ser aplicadas às PMEs é o foco no controle financeiro eficiente.
Para ele, essa atenção é essencial para as empresas otimizarem as operações, enfrentarem custos em alta e manterem a competitividade no novo ano.
“A gestão financeira e das despesas pode destravar o crescimento das PMEs”, diz o executivo.
“Com ferramentas inovadoras e as práticas certas, a empresa pode não só sobreviver, mas prosperar em um mercado cada vez mais competitivo”, completa.
Já para o CEO do fundo de impacto Estímulo, Vinícius Poit, a organização prévia conduz uma gestão serena, sem grandes sustos no meio do caminho.
“Imprevistos durante a jornada são comuns, mas minimizá-los faz a gestão mais eficiente para liberar o tempo do empreendedor e deixá-lo mais livre para focar nas vendas, por exemplo”, comenta.
Ao lado de Enio Duarte Pinto, gerente da unidade de Relacionamento com o Cliente do Sebrae, eles trazem dicas de como elaborar um planejamento estratégico eficaz e que particularidades considerar para 2025, no caso das micro, pequenas e médias empresas.
Entre as indicações dos especialistas estão a capacitação contínua e a adoção de ferramentas de gestão, como o CRM.
Explore novas formas de crédito
Um grande desafio das PMEs é manter um fluxo de caixa saudável, destaca Tognini. Para isso, empreendedores podem se apoiar em diversos sistemas de automatização, e assim agilizar processos financeiros, como a antecipação de recebíveis, por exemplo.
Já de olho em ter mais liquidez, uma alternativa é adotar diferentes opções de linhas de crédito, além de lançar mão de plataformas e fundos que oferecem crédito rápido e menos burocrático que instituições financeiras tradicionais.
Nesse cenário, ele destaca modalidades como o Buy Now, Pay Later (BNPL), que tem ganhado popularidade no varejo ao ampliar prazos de pagamento de consumidores, sem impactar o caixa de lojistas.
Foco no que você sabe fazer
Um plano financeiro ajustado libera o tempo do empreendedor para que ele possa de fato se debruçar no que sabe fazer.
“Imagine que nenhum cabeleireiro abriu um salão de beleza porque é apaixonado pelo financeiro. Seu foco é saber cortar, atender o cliente e tudo que possa os encantar. Portanto, deixe as contas ajustadas para que você não passe o seu dia mais nas finanças do que na entrega de seu negócio em si”, indica Poit.
Invista em análise de dados
Ser estratégico passa por uma série de decisões baseadas em informações reais. Essas informações podem ser extraídas de fontes de dados diversas e usadas para tomar decisões mais certeiras.
“Ferramentas que oferecem relatórios e insights automáticos contribuem para a saúde financeira da empresa, permitindo que o time tenha uma visão clara e consolidada das finanças, identificando oportunidades e antecipando problemas a fim de guiar a empresa em decisões importantes”, pontua Tognini.
Adote uma cultura de inovação e agilidade
A inovação contínua e a agilidade também fazem parte de um crescimento sustentável. Por isso, é fundamental ter uma equipe colaborativa que possa tomar decisões rápidas, assim como uma liderança visionária que promova um ambiente de aprendizado constante e ofereça treinamento para atualizar os colaboradores.
Tognini também acrescenta que escapar das OKRs (Objectives and Key Results, sigla em inglês para Objetivos e Resultados Chave) pode ajudar a trazer esse tipo de cultura.
“Simplificar é sempre a melhor estratégia para ter eficiência. Sair das OKRs e adotar algo mais direto garante essa postura. O desdobramento de metas é um exemplo disso, já que exclui a necessidade de incontáveis reuniões e objetivos mirabolantes, focando em projetos com fases e prazos definidos”, afirma.
Busque capacitação
Para empresas de pequeno e médio porte, a capacitação é uma ferramenta poderosa. Segundo Enio Pinto, do Sebrae, é preciso haver um investimento robusto em treinamentos do time de colaboradores de uma empresa.
“O diferencial de um pequeno negócio é o tratamento que você dá ao cliente. Então um pequeno plano de desenvolvimento para o teu time é essencial para garantir isso”, defende.
“Existem muitas capacitações disponíveis no mercado justamente para lapidar o time de vendas e atendimento e corrigir percursos que não deram muito certo no ano anterior”.
O perfil dinâmico do empreendedorismo também faz com que a busca por capacitação contínua para o próprio empreendedor seja igualmente necessária para o novo ano que se aproxima.
“Não dá mais para ele acreditar que o conhecimento que ele tem de gestão é suficiente para ele tocar uma empresa, mesmo de pequeno porte. É necessário estar sempre em atualização, seja na parte de gestão e administrativa ou comportamental”.
Revisite o problema
De tempos em tempos, é recomendado que o empreendedor revisite o problema que deu origem à empresa, ou seja, a motivação original que levou à criação do negócio, diz Enio.
Com essa avaliação, é possível entender se ainda há afinidade com o negócio — e por consequência, gerar inspiração, motivação e criatividade para inovar.
“A reflexão que o empreendedor deve fazer é se o problema original da empresa ainda gera alguma afinidade. Caso contrário, não há geração de valor”.
Priorize a entrega de valor
Mais do que nunca, o cliente preza por uma experiência de compra sem igual. Essa é uma filosofia básica de gestão que deve determinar o funcionamento das empresas em 2025 (e nos anos seguintes).
“O cliente paga o preço, mas ele quer receber valor em troca. E valor é uma equação simples, o que ele quer receber. É um benefício concreto pelo qual ele pagou, mas que isso acontece via uma experiência incrível”, diz Enio.
Tenha uma reserva financeira
É essencial que o empreendedor tenha acesso a recursos que podem salvaguardar a empresa em momentos de imprevisibilidade.
O ideal é construir uma reserva financeira com montante capaz de cobrir os custos fixos do negócio (aqueles que se mantêm estáveis, independente do desempenho operacional) por cerca de três a seis meses.
Com isso, é possível se antever e ter certo respiro para lidar com cenários imprevisíveis como, por exemplo, a pandemia, ou as enchentes que recentemente atingiram empreendedores no Rio Grande do Sul.
“Essa é a medida prática que qualquer pequeno empreendedor precisa ter para superar uma situação crítica e estar preparado”, diz o gerente do Sebrae.
Faça uso de ferramentas de gestão
O uso de uma ferramenta adequada de CRM (Customer Relationship Management, sigla em inglês para Gestão do Relacionamento com o Cliente) é imprescindível.
Afinal, o controle de toda a jornada do cliente (especialmente para os pequenos negócios) pode determinar o sucesso de relações duradouras e que sustentarão o desempenho da empresa ao longo de todo o ano.
Na prática, isso significa manter ativo o contato com os clientes em múltiplos canais, seja sugerindo outra compra, encaminhando conteúdos relevantes ou enviando e-mails e mensagens de texto considerando o perfil de compra e suas últimas aquisições.
Segundo Enio, é fundamental que o empreendedor “avalie o histórico de compra do seu cliente e, à luz do que ele comprou, você faça uma ativação do cadastro dele e esteja em linha com suas preferências e momentos de consumo em vários momentos”, afirma.
Abandone o papel e caneta
Tognini também reafirma a importância das ferramentas digitais para a otimização da operação e fidelização da clientela, como os sistemas de ERPs (Enterprise Resource Planning, sigla em inglês para Planejamento de Recursos Empresariais).
“A centralização das informações permite uma tomada de decisão mais rápida e precisa”, avalia.
Nessa frente, ele também recomenda o uso de ferramentas de gestão financeira para reduzir a dependência dos processos manuais (como planilhas e anotações em papel) e risco de erros humanos.
Converse com seus fornecedores
A proximidade com parceiros e fornecedores é vital para a criação de uma estratégia de vendas e uma gestão de estoque e matérias-primas que respeitem a qualidade e preços competitivos — atributos que serão repassados ao cliente final.
De acordo com o executivo do Sebrae, uma dica de gestão é promover conversas com seus fornecedores logo no início do ano.
“É fundamental que você inicie o ano com seus fornecedores para mostrar para eles que, no planejamento de compras, é preciso preços competitivos, para poder repassar isso ao cliente e fidelizá-lo. É preciso prontidão na entrega, qualidade na entrega e preços competitivos. Para eu vender bem, tenho que comprar bem”, afirma Ênio.
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