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    Brasil pode mais que dobrar exportação de carne bovina com acordo Mercosul-UE, diz Agrifatto

    Segundo Pimentel, o país já atende 86% da demanda europeia e deve manter essa posição de liderança no Mercosul

    Leandro Silveira (Broadcast), do Estadão Conteúdo

    O Brasil pode mais do que dobrar a exportação de carne bovina à União Europeia a partir da formalização do acordo de livre comércio entre o bloco econômico europeu e o Mercosul. A estimativa, ainda preliminar, é da consultoria Agrifatto.

    “Hoje exportamos 5% do nosso volume para a Europa, e esse número pode chegar a 12% ou 13% com o acordo”, afirmou a CEO da Agrifatto, Lygia Pimentel.

    Pelo acordo, o Mercosul poderá exportar 99 mil toneladas de carne bovina peso carcaça para a União Europeia, sendo 55% do volume na forma resfriada e 45% congelada, com alíquota de 7,5%. Esse volume será alcançado em seis etapas crescentes.

    Além disso, a Cota Hilton, que atualmente permite a exportação de 10 mil toneladas com alíquota de 20%, será isenta assim que o acordo entrar em vigor.

    Grande parte dessa nova cota deve ser ocupada pelo Brasil. Segundo Pimentel, o país já atende 86% da demanda europeia e deve manter essa posição de liderança no Mercosul.

    “O Brasil tem plena condição de atender à nova cota, mesmo com as exigências impostas”, avaliou.

    A CEO destacou que a assinatura do tratado, aguardada há mais de duas décadas, promete vantagens comerciais ao setor pecuário brasileiro e à indústria de proteínas, mas traz também desafios regulatórios. Entre os pontos sensíveis está o desmatamento legal, frequentemente mal interpretado no exterior, segundo Pimentel.

    “Quando dizem que o desmatamento de 2021 para frente não será aceito, parece que o Brasil queria desmatar indiscriminadamente. Mas temos uma legislação extremamente exigente, que prevê limites claros, como manter 80% de áreas preservadas na Amazônia”, comentou, criticando o que classificou como protecionismo europeu.

    “Essas regras ferem a soberania, porque colocam limitações aqui que eles mesmos não seguem. Nós aceitamos, mas é um país estrangeiro legislando sobre o Brasil”, afirmou.

    Apesar das críticas, Pimentel avalia que o impacto do acordo será positivo. “A Europa sempre foi um bom pagador e o acordo ajuda a diluir a dependência do mercado chinês. Mas não será algo transformador: a cota é pequena e o aumento do volume exportado será limitado”, ponderou.

    Até outubro de 2024, o Brasil já havia exportado 66.439 toneladas de carne bovina para a União Europeia, de acordo com o Agrostat, sistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio brasileiro.

    O que deve ficar mais barato com o acordo entre Mercosul-UE

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