Volta às aulas em escolas particulares do Rio não contemplará todas as séries
Segundo a prefeitura, os primeiros 15 dias desta retomada servirão como um teste para o retorno das aulas presenciais também na rede pública de ensino


A prefeitura do Rio de Janeiro anunciou hoje (21) o retorno das aulas presenciais em escolas particulares a partir do dia 3 de agosto, de forma facultativa tanto para professores quanto para alunos, e apenas para as crianças do 4º, 5º, 8º e 9º anos. Segundo a prefeitura, os primeiros 15 dias desta retomada servirão como um teste para o retorno das aulas presenciais também na rede pública de ensino.
De acordo com o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), a definição ocorreu após um consenso entre o Sindicato das Escolas Particulares do Rio (Sinep-RJ), representantes dos professores e prefeitura.
“A comunidade científica já havia autorizado a retomada, nós é que não autorizamos. Mas ainda não havia um consenso. E hoje esse consenso aconteceu para esse retorno de forma voluntária. Houve consenso entre sindicato das escolas privadas e representantes de professores, para que as aulas da rede privada voltem de forma facultativa”, disse Crivella.
Questionado sobre os motivos do retorno acontecer primeiro na rede privada de ensino, Crivella afirmou que a rede municipal tem muito mais escolas e mais alunos do que na rede privada. O prefeito também disse que a maioria dos alunos da rede privada vai às escolas em transportes particulares, enquanto os alunos das escolas municipais utilizam mais os transportes públicos.
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Sindicato nega consenso
Em nota, o Sindicato dos Professores do Munícipio do Rio de Janeiro (Sinpro-RJ), negou que houve consenso com a prefeitura e afirmou que o retorno às aulas agora “é totalmente prematuro”.
“Ouvimos a proposta, questionamos se os protocolos de retorno teriam testagem da comunidade escolar e sobre o caráter do retorno facultativo para professores, e a prefeitura falou que não há testagem no protocolo de retorno para o início das atividades presenciais e não informou com clareza sobre as garantias trabalhistas para o retorno voluntário. Então afirmamos que não é a hora do retorno às aulas presenciais nas escolas”, disse o Sinpro-RJ.
O sindicato diz que sua posição tem como base principal estudos da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e outros órgãos de saúde. A categoria está em greve desde a primeira semana de julho como forma de se opor ao retorno às aulas em meio à pandemia. O Sinpro-RJ fará uma assembleia no dia 1º.
O subsecretário municipal de saúde, Jorge Darze, disse que a prefeitura também tem seu comitê científico e que está aberta para o diálogo.
“Nós também temos nossa comunidade científica e não há hoje no mundo nenhuma posição em reconhecer que apenas um estabelecimento científico tem o monopólio do parecer técnico”, disse. “O que importa de fato é como têm se comportado os indicadores ao longo de cada momento.”
Pais avaliam retorno
O retorno das aulas presenciais tem causado certa controvérsia entre pais de alunos. Apesar da dificuldade em conciliar o ensino domiciliar com as obrigações de trabalho das famílias, a maioria dos pais sentem-se preocupados em como será esse retorno.
“Sou contra o retorno neste momento. Primeiramente, pela preservação de nossos filhos, mesmo que os estudos mostrem não ser uma doença com alto risco na idade, não iremos levá-los para este retorno em agosto”, disse a cientista da computação Andrea Bastos, mãe de alunos de 3 e 4 anos. “O retorno certamente implicará numa maior necessidade de consultas e idas à emergências hospitalares por outros fatores, e também grande movimentação, expondo muitas pessoas além da família.”
Mas há também pais que são favoráveis a este retorno, desde que sejam respeitadas as medidas de segurança e que haja uma transparência do poder público quanto aos números da Covid-19.
“Sou a favor, desde que as escolas adotem um protocolo de saúde seguro e transparente, definido com instituições sérias e divididos com os pais antes do início das aulas presenciais. Entendo ser necessário para as crianças esse retorno. Sem contar que não podemos esquecer que a escola particular é um comércio, e que precisa se manter como tantos outros. Claro que será uma nova realidade, onde todos nós deveremos nos preparar para passarmos de forma mais segura possível”, afirmou a administradora Gisele, mãe de um aluno de 10 anos.
Segundo o Sinep-RJ, a rede de ensino privada está “preparada para a volta às aulas de forma segura e gradual, na medida em que as autoridades assim o permitam”.
De acordo com o Sinep, “as escolas seguirão os cuidados necessários, previstos no protocolo básico aprovado pelas autoridades sanitárias: distanciamento necessário, higienização permanente dos ambientes, regras de entrada e saída, ambientes abertos e arejados, termômetro na porta e tapete de entrada com substância apropriada, uso de máscara, além de subdivisão de turmas”.