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    Vídeo: animação da FAB simula momento da queda de avião da Voepass

    Conteúdo apresentado por Cenipa aponta diversos alertas em painel da aeronave antes de queda

    Rafael Saldanhada CNN , Em São Paulo

    A Força Aérea Brasileira (FAB) disponibilizou um vídeo de uma animação da queda do avião ATR 72-500 da Voepass em Vinhedo, no interior de São Paulo.

    As imagens foram apresentadas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), junto com o relatório preliminar do acidente, na última sexta-feira (6), mas só foi divulgado oficialmente neste domingo (8).

    A animação simula os minutos finais do voo 2283, que colidiu com o solo às 13h22 do dia 9 de agosto deste ano.

    É possível ver que a aeronave já navegava com importantes alertas ligados, como de “performance degradada”, “detector eletrônico de gelo” e “velocidade de cruzeiro baixa”.

    Às 13h20, depois de o painel do avião alertar para aumentar a velocidade, o alarme de estol foi acionado. Isso significa que a asa perdeu completamente a sustentação, provocando a queda brusca da aeronave.

    Veja um trecho do vídeo abaixo:

     

    A sequência dos eventos do voo 2283 foi identificada pelas gravações do Flight Data Recorder (FDR – gravador de dados de voo) e do Cockpit Voice Recorder (CVR – gravador de voz da cabine).

    O Cenipa registrou a ocorrência como “Formação de Gelo” e concluiu que as condições meteorológicas do voo estavam disponíveis para os pilotos, e previam a presença de gelo durante o trajeto entre Cascavel (PR) e Guarulhos (SP).

    O chefe do Cenipa, brigadeiro Marcelo Moreno, informou que a investigação segue em andamento, para avaliação de fatores humanos, materiais e técnicos que estejam envolvidos no acidente.

    Especialista analisa relatório do acidente

    O comandante Fábio Borille, especialista em segurança de voo, explica que o acompanhamento das condições climáticas adversas é muito preciso, feito pela REDEMET, a rede de observação meteorólogica da Aeronáutica.

    O piloto disse à CNN que um desvio da região adversa presente antes da queda seria inviável pelo tamanho da massa de ar. “Seria impossível desviar. O que poderia ter sido feito era ir um pouco mais baixo para melhorar a performance do avião”.

    Ele explica que, caso o avião diminuísse sua altitude, a aeronave gastaria mais combustível e, portanto, mais dinheiro.

    Outra solução seria voar um pouco mais alto, sobrevoando a massa de ar. Segundo o especialista, o turbo-hélice não tem muita performance para realizar a manobra.

    Especificamente no dia da tragédia, o comandante ainda diz que o avião não conseguiria subir porque estava com a Pack 1 inoperante desde o dia 5 de agosto.

    A Pack é um conjunto de equipamentos que faz a pressurização, climatização e regulagem do ar da cabine de passageiros e do cockpit dos pilotos. A aeronave possuía duas Packs e a falha em uma delas não impedia a realização do voo, segundo o relatório do Cenipa.

    Sobre uma possível causa para o acidente, o especialista afirma que um problema dos pilotos pode ter influenciado no acidente. “Puro e simples fator operacional. Houve uma indicação de gelo e de velocidade de cruzeiro diminuída. Quando tem o aviso, há um procedimento específico que deve ser seguido”, afirma.

    Segundo o comandante, quando apareceu o alerta de performance degradada, o piloto deveria tirar do piloto automático, acelerar a aeronave e colocar o avião para baixo.

    Ele ainda ressaltou que todos os dados ainda não estão disponíveis e que só com a totalidade das informações será possível tomar uma conclusão definitiva sobre o caso.

    “Para a gente ter certeza é preciso do Flight Data Recorder. Só com o gravador de voz não adianta”, completa.

    Relembre o caso

    Um avião ATR 72-500 da Voepass caiu no início da tarde do último dia 9 de agosto em Vinhedo, no interior de São Paulo.

    O voo 2283 saiu de Cascavel, no Paraná, com destino ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. O avião, com prefixo PS-VPB, tinha capacidade total para 74 pessoas, sendo 62 passageiros.

    Na ocasião, 62 pessoas morreram, sendo 58 passageiros e 4 tripulantes. Este foi o sexto acidente aéreo mais letal da história do Brasil. 

    As investigações são conduzidas pela Força Aérea Brasileira (FAB), através do Cenipa. O processo passa por diversas etapas de perícia, elaboração e apresentação de relatório, além de avaliação de causas e responsabilidades.

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