Veja o que se sabe sobre o caso de Jeff Machado, ator achado morto em baú no Rio
Uma pessoa foi presa e outra está foragida por homicídio qualificado e ocultação de cadáver; polícia acredita que suspeitos queriam vantagens econômicas
A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga a morte do ator Jeff Machado, que havia desaparecido em janeiro deste ano. Uma pessoa foi presa e outra está foragida por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
O corpo de Jeff foi encontrado no dia 22 de maio em um baú, enterrado sob dois metros de concreto, no quintal de uma casa no Rio de Janeiro. Ele estava com os braços amarrados acima da cabeça e tinha ferimentos no pescoço.
Veja o que se sabe sobre o caso:
Jeff Machado tinha 44 anos e estava desaparecido desde janeiro de 2023. À época, ele interpretava um soldado filisteu na novela Reis, exibida desde março de 2022 pela Record TV.
Agentes da Delegacia de Descoberta de Paradeiros descobriram em maio que Jeff estava morto, após terem conseguido a quebra do sigilo telefônico de um suspeito no caso.
O corpo do artista foi encontrado em um baú, enterrado sob dois metros de concreto, no quintal de uma casa no Rio de Janeiro. Ele estava com os braços amarrados acima da cabeça e apresentava ferimentos no pescoço.
Maria das Dores Estevão Machado, mãe do ator, acredita que seu filho pode ter sido vítima de uma falsa promessa de emprego em uma emissora de televisão. Essa é uma das linhas de investigação da Delegacia de Descoberta de Paradeiros.
Segundo a defesa de Jeff, a Polícia Civil sabe que um amigo ficou com os cartões do ator e movimentou cerca de R$ 5 mil após o desaparecimento.
Ao denunciar o sumiço do amigo, Bruno De Souza Rodrigues contou à polícia que ficou com as chaves do carro e da casa de Jeff Machado porque o ator faria um trabalho em São Paulo. Ele também aparece como sublocador do imóvel onde o corpo foi encontrado.
Prisão
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) pediu a prisão temporária de Bruno de Souza Rodrigues e de Jeander Vinícius da Silva Braga, apontados como responsáveis pelo assassinato de Jeff Machado.
Jeander foi preso na manhã da sexta-feira (2 de junho). Bruno está foragido.
O crime teria sido premeditado por Bruno com auxílio de Jeander, segundo o pedido de prisão assinado pelo promotor de Justiça Sauvei Lai. A Polícia Civil indiciou ambos por homicídio qualificado e ocultação de cadáver, também solicitando detenção da dupla.
“Os ora indiciados são suspeitos de praticarem os crimes de homicídio e de ocultação de cadáver contra Jefferson, aproveitando-se do momento em que mantinham relação sexual com a vítima para pôr em prática plano criminoso, estrangulando-a e colocando o seu cadáver em um baú, para, posteriormente, ocultá-lo no terreno do imóvel alugado por Bruno, onde o enterraram e concretaram a cerca de dois metros de profundidade”, diz o pedido de prisão.
Bruno Rodrigues era produtor artístico e amigo do ator. Segundo as investigações, Bruno sublocou o imóvel onde o corpo foi encontrado e chegou a movimentar cerca de R$ 5.000 na conta de Jeff Machado após o registro do desaparecimento na delegacia.
Além de Bruno, a polícia indiciou Jeander Vinicius da Silva, que também era próximo da vítima. Durante depoimento, Jeander confessou que ocultou o corpo do ator, mas negou o assassinato.
De acordo com as investigações, Bruno e Jeander tinham como objetivo obter vantagens econômicas da vítima, como a venda do imóvel e do carro.
Versão da defesa é refutada
Nesta quinta-feira (1º), em uma coletiva de imprensa, os advogados João Maia e Pedro Moutinho, que representam Bruno Rodrigues, afirmaram que colaboram com as investigações da polícia e que foi Bruno quem indicou onde o corpo do artista estava escondido.
Segundo os advogados, Bruno, Jeander Vinícius e uma terceira pessoa, chamada Marcelo, teriam ido à casa do ator no dia 23 de janeiro para gravar um vídeo íntimo. Após a gravação, Bruno teria saído do quarto e, quando retornou, encontrou Jeff morto.
Segundo a defesa, o ator foi assassinado por Marcelo e depois o corpo foi colocado em um baú e transportado no carro da vítima até a casa em Campo Grande, na zona oeste do Rio.
Segundo os advogados, Marcelo seria envolvido com a milícia e teria feito diversas ameaças a Bruno.
Sobre o valor movimentado na conta de Jeff Machado, os representantes afirmam que o dinheiro foi usado para comprar rações para os cães do ator.
Para a Delegacia de Descoberta de Paradeiros, o envolvimento de uma terceira pessoa no crime foi inventado por Bruno e Jeander para livrar os dois da acusação de assassinato.
A defesa da família de Jeff Machado disse que a inclusão de uma terceira pessoa no crime, algo que foi “refutado” pela polícia, é uma “tentativa frustrada de Bruno de sair do crime de homicídio”.
A CNN não localizou a defesa de Jeander Vinicius.
Cachorros foram importantes para o caso
Jeff Machado tinha oito cães todos da raça setter e chamados com nomes de artistas: Tim Maia, Nando Reis, Elis Regina, Cazuza, Vinícius de Moraes, Gilberto Gil, Rita Lee e Caetano Veloso.
Os animais do artista foram encontrados em situação de abandono. Seis deles foram levados para tratamento em uma clínica veterinária. A cadela chamada Rita Lee morreu antes que pudesse ser resgatada, e o cachorro de nome Caetano Veloso faleceu um dia após ser acolhido pela ONG Indefesos.
O grupo informou que os demais animais foram encaminhados para novos lares adotivos. Dois foram resgatados em Paciência (RJ), no dia 31 de janeiro deste ano. Por meio do chip nos cachorros, foi possível verificar que Jeff Machado era o tutor.
A organização chegou a conversar com alguém que se passava pelo ator e que disse ter deixado seus cães com uma amiga enquanto estava em outro estado a trabalho.
Dias depois, um homem que se apresentou como Giovani disse para a ONG que havia ajudado Machado a abandonar seus animais de estimação.
O resgate dos animais foi importante para comprovar, em um primeiro momento, que Jeff estava realmente desaparecido, já que a família considerou improvável que o ator pudesse abandonar seus cachorros.
Velório e missa
O corpo do artista saiu do Rio de Janeiro na manhã o dia 26 de maio, rumo a Araranguá (SC), sua cidade natal de Jeff. O translado foi feito por via terrestre devido ao estado de decomposição avançado.
A causa da morte não havia sido determinada e, portanto, as companhias aéreas não realizam o trabalho.
O velório aconteceu na capela mortuária Cruz das Almas, em Araranguá, e começou às 8h do dia 27. Jeff Machado ganhou também uma missa de corpo presente, que foi transmitida ao vivo em sua conta oficial do Instagram após o sepultamento.
A cerimônia foi realizada logo após o sepultamento do corpo do ator, no santuário Nossa Senhora Mãe dos Homens, em Araranguá, onde ele foi coroinha.
Quem foi Jeff Machado
Formado em Jornalismo e Cinema, no início da carreira Jeff chegou a atuar como colunista social em revistas de Florianópolis e Rio do Sul, município do Vale do Itajaí. Em 1997, se mudou para São Paulo e, vivendo entre a capital paulista e o Rio de Janeiro, dedicou-se ao estudo das artes cênicas.
Em 2008, voltou para Florianópolis, onde trabalhou nas áreas de imprensa e artes. Foi assessor de imprensa, produtor, diretor de arte, cenógrafo e vitrinista. Em 2014, foi morar no Rio de Janeiro, onde trabalhava como ator e tinha como principal hobby o surfe.
Tinha 10,9 mil seguidores no Instagram, onde se apresentava como ator, modelo, produtor jornalista, assessor de imprensa e “pai de cães”. Entre as 303 publicações, estão fotos suas na praia de nudismo de Abricó, na zona oeste do Rio.
(Publicado por Tiago Tortella, da CNN)