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    Vai viajar de avião com seu pet? Veja em cinco passos como prepará-lo para o voo

    Especialista em comportamento animal ressalta os cuidados essenciais que deve-se ter com cães e gatos antes de embarcar

    Anna Gabriela Costada CNN , em São Paulo

    Viajar de avião com o animal de estimação demanda uma preparação burocrática que inclui vacinas, registros e os trâmites com a companhia aérea. Porém, tão importante quanto organizar a logística do transporte do animal, está também a preocupação em preparar a parte física e psicológica do pet.

    A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) exige que o tutor apresente a carteira de vacinação do animal contendo a vacina antirrábica, aplicada há mais de 30 dias e válida por 1 ano, e um comprovante atestado por um médico veterinário afirmando que o animal está saudável e apto para viajar. Demais regras variam de acordo com a companhia aérea.

    A jornalista Jessica Mota transportou recentemente quatro gatos e um cachorro em um voo de São Paulo a Belém. Ela optou por levar o gatinho Maui com ela na cabine do avião, pela preocupação extra com este animal que nunca havia viajado ou mudado de casa. Já a cadela Becky e os gatos Gaia, Tupac e Jarbas foram “despachados”.

    “A minha maior preocupação foi o estresse emocional, ele especificamente nunca tinha passado por nenhum tipo de mudança. A cachorra também foi uma preocupação porque ela é muito dependente de mim. Mas os outros eu tive que despachar por carga e deu tudo certo”, conta.

    O especialista em comportamento animal Cleber Santos explica que para evitar o estresse e mal-estar do animal – e principalmente fatalidade – é muito importante que o tutor se preocupe com toda a parte comportamental e adaptação do pet antes da viagem.

    “Para gatos, a atenção é tão delicada quanto a que devemos dar aos cães braquicefálicos, ou seja, cuidado redobrado. Gatos são animais naturalmente estressados. Eles são super inseguros, e não tem o comportamento desprendido e sociável que é mais costumeiro dos cães, então precisa ser treinado para isso com muito mais antecedência”, disse.

    O Maui, gatinho da Jéssica, acabou machucando um pouco o focinho por conta da agitação que sentiu dentro do compartimento. “O Maui ficou em uma cestinha que tinha uma tela, para conseguir me ver, mas ele ficava levantando a cabeça para ver o que estava acontecendo e acabou machucando o focinho”, relata a tutora.

    O especialista em comportamento animal destaca cinco passos para se atentar antes de viajar com seu cão ou gato. Confira:

    Adaptação à caixa de transporte

    O especialista esclarece que ao saber que irá viajar com seu animal, seja ele filhote ou adulto, o importante é treiná-lo e adaptá-lo à caixa de transporte.

    “Muitos podem ficar nervosos e ansiosos, o que pode levar até ao óbito por estresse. É necessário que haja uma pré-adaptação à caixa de transporte de forma positiva. Essa caixa precisa ser inserida como parte do ciclo diário dele, para garantir que ele consiga entrar e sair da caixa sozinho,  sentindo segurança, deixar que ela esteja presente no momento dele dormir, de se alimentar, criando associações positivas para que ele entenda que a caixa de transporte é algo que faz parte do cotidiano”, diz.

    O especialista explica que pegar um cão ou gato que nunca usou a caixa de transporte, e de repente trancá-lo por 2 ou 3 horas, traz uma sensação de abandono.

    “Assim como uma pessoa que tem pânico de multidão ou locais fechados, o animal pode sentir essa sensação de desconforto e ficar apavorado. Isso afeta sua respiração e também a sua parte sanguínea, podendo levar à uma parada cardíaca”, afirma.

    Jessica Mota viajou de São Paulo a Belém com animais de estimação / Arquivo Pessoal/ Jessica Mota

    Alimentação adequada

    A alimentação na véspera da viagem também precisa ser bem pensada. O animal deve ter uma boa alimentação, sem excessos.

    “Não estar com o estômago cheio para não vomitar e ficar envolto na sujeira, e para evitar que em uma situação de estresse ele passe mal e se engasgue com o próprio vômito, algo que também é muito perigoso e pode levar ao óbito”, diz Cleber Santos.

    A veterinária nutricionista Shelly Oliveira afirma que se a viagem for curta, entre 2 e 3 horas, ela indica que o animal viaje em jejum.

    “A maioria deles acaba enjoando na viagem, então é melhor que se alimente no destino. Mas, se for uma viagem muito longa o ideal é dar algo bem leve, umas 2 ou 3 horas antes de viajar para dar tempo de fazer a digestão. A recomendação vale tanto para cão quanto para gato”, explica a veterinária.

    Gastar energia antes da viagem

    É ideal que os cães também façam passeios, caminhadas, ou até que fiquem em uma DayCare brincando bastante no dia anterior à viagem, para que ele esteja com a sua energia bem equilibrada na hora do voo.

    Para gatos, o estímulo pode ser feito em casa, brincando com o tutor e com objetos próprios para entretenimento no dia anterior à viagem.

    Dimensão da caixa de transporte

    A dimensão da caixa de transporte também é algo muito importante a se considerar, segundo o especialista. O ideal é que o animal se sinta confortável no espaço, lembrando que ele poderá passar muitas horas no local.

    “O cão ou gato precisa conseguir ficar tanto de pé, quanto conseguir fazer um círculo de 360°, para que ele consiga se movimentar, se esticar, e ter um espaço confortável”, diz Santos.

    Estímulos durante o voo

    É recomendável deixar à disposição durante o voo brinquedos, estímulos e objetos para roer, para que ele passe o tempo se distraindo e interagindo com esses objetos que estarão junto dele na caixa.

    “Se o animal apresentar estresse, fobia, ou se não se adaptar à caixa de transporte, o correto é que ele não viaje, pois a chance de passar mal durante o voo é muito maior. Essa adaptação pode levar até três meses para se concluir, então o planejamento prévio para a sua viagem é muito importante”, afirma o especialista.

    Orientações de acordo com o porte e raça do animal

    Os cães pequenos tendem a sofrer um pouco mais em voos, principalmente se eles tiverem o que chamamos de comportamentos humanizados, como dormir junto na cama, subir nos sofás e cadeiras, pedir bastante colo, o que inconscientemente condiciona o cão a estranhar qualquer distanciamento do seu dono, explica Cleber Santos.

    “Eles precisam de uma atenção maior no treinamento prévio à viagem, pois é mais provável que eles chorem, queiram ficar no colo, ou se recusem a ficar na caixa de transporte. Para cães de até aproximadamente 5kg, é permitido por algumas companhias aéreas viajar na poltrona com os donos, o que seria a melhor opção”, diz.

    As raças que precisamos ter muita atenção – e que em alguns casos são até proibidas de voar – são os cães braquicefálicos, ou seja, aqueles que têm o focinho achatado, como pugs, bulldogs, Shih tzus, boxers, entre outros. Isso também vale para cães que têm problemas respiratórios, independente da raça.

    “A mudança drástica de pressão que acontece em um avião pode desencadear uma parada respiratória ou cardíaca nesses cães. Precisa ter atenção redobrada com eles, seja em viagem aérea ou de carro. Esses cães com problemas respiratórios ou sem focinho longo, quando no carro, também sentem dificuldade em respirar, então aquele estresse da viagem pode ocasionar vômito, deixá-los extremamente ofegantes, babando em excesso, e isso acarreta algumas complicações de saúde”, diz.

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