USP entra para o Guinness World Records pela primeira vez após descoberta
Cientistas descobriram o maior lago já existente no mundo
Uma equipe de cientistas da Universidade de São Paulo (USP), liderada pelo Dr. Dan Palcu, do Instituto Oceanográfico, fez uma descoberta que entrou para o Guinness World Records: o Paratethys, o maior lago que já existiu na Terra. É a primeira vez que a USP entra para a lista de recordistas.
O Paratethys, que existia há aproximadamente 11 milhões de anos, cobria uma área colossal de 2,8 milhões de quilômetros quadrados, o que o torna mais de 10 vezes maior que todos os lagos de água doce e salgada juntos no mundo hoje.
O volume de água do Paratethys era de 1,8 milhão de quilômetros cúbicos, equivalente a 18 vezes o volume do Mar Negro.
“Durante muito tempo, acreditava-se que ali existia um mar pré-histórico, conhecido como Mar Sármata. Agora, temos evidências de que, ao longo de cinco milhões de anos, este mar tornou-se um lago isolado do oceano e cheio de animais nunca vistos em outros lugares ao redor do globo”, revela Palcu.
Fauna e ecossistema
Segundo a pesquisa do Dr. Palcu, o Paratethys abrigava uma fauna única, com diversas espécies nunca antes registradas em outros lugares. Entre elas, destaca-se a Cetotherium riabinini, a menor baleia já registrada.
A equipe do pesquisador também descobriu que o Paratethys era habitado por botos, semelhantes aos da Amazônia, que ficaram presos no lago quando a conexão com o mar se perdeu.
O estudo também forneceu insights sobre a resiliência de ecossistemas aquáticos a eventos climáticos extremos.
“Ao explorar os cataclismos que este antigo megalago sofreu, como resultado das alterações climáticas, obtemos informações valiosas que podem elucidar potenciais crises ecológicas. É uma forma de entender as crises desencadeadas por mudanças no clima pelas quais o nosso planeta atravessa atualmente”, explica Palcu.
A pesquisa sobre o Paratethys foi realizada em colaboração com cientistas da Universidade de Utrecht (Holanda), da Academia Russa de Ciências, do Centro Senckenberg de Pesquisa em Biodiversidade e Clima (Alemanha) e da Universidade de Bucareste (Romênia). O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
*Sob supervisão de Bruno Laforé