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    Usina Angra 1 é autuada por não ter informado vazamento de água radioativa em 2022

    Ibama multou Eletronuclear, operadora da planta, por não informar caso; não houve risco para população ou meio ambiente

    Complexo Nuclear de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro, Brasil
    Complexo Nuclear de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro, Brasil 31/08/2021REUTERS/Ricardo Moraes/Files

    Pedro PupulimTiago Tortellada CNN

    em São Paulo

    O Ibama multou a Eletronuclear, empresa responsável pela operação da usina nuclear de Angra 1, em Angra dos Reis, pelo vazamento de água radioativa em 2022. O valor total da autuação por “descarte irregular de substância radioativa” e descumprimento da licença de operação chega a R$ 2,1 milhões.

    A empresa também terá que realizar avaliação completa dos danos causados pelo incidente e divulgar informações sobre o caso no prazo de 30 dias, após determinação da Justiça, a pedido do Ministério Público Federal (MPF). Também deve ser evitada qualquer atividade que possa agravar a contaminação da “água, solo e ar”.

    De acordo com informações da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), o caso aconteceu no dia 16 de setembro, e a comissão não havia sido informada pela Eletrobrás / Eletronuclear. Três equipes foram enviadas ao local para apurar a ocorrência.

    “O resultado das inspeções realizadas evidenciou que, durante uma operação de rotina de recirculação e purificação de água de operação, ocorreu a falha de uma válvula de isolamento, propiciando a liberação de um volume de água para o canal de descarga da usina, estimado em, no máximo, 90 litros”, pontua a nota da CNEN.

    Em setembro de 2022, o Ibama recebeu denúncias sobre vazamento de água contaminada de um dos sistemas de Angra I, enviando uma equipe de Emergências Ambientais para inspecionar o local.

    Entretanto, a vistoria não confirmou o vazamento, mas foi determinado que a companhia fornecesse informações sobre a ocorrência.

    A CNEN disse que foi informada da situação pelo Ibama e pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA) no dia 30 de setembro de 2022. Assim, a equipe residente na usina coletou amostras do local, que indicaram “a presença de radionuclídeos artificiais em níveis que não representavam qualquer risco à população e/ou ao meio ambiente”.

    Segundo o Ibama, após a conclusão da análise dos relatórios apresentados pela Eletronuclear e pelo CNEN, no fim de fevereiro de 2023, a empresa foi autuada.

    “Os documentos permitiram confirmar o vazamento, que teria sido provocado por “degradação (corrosão) do sistema de contenção de vazamentos”, relata o Ibama.

    Ainda assim, a autoridade ambiental ressalta que ações de proteção e controle foram tomadas e que “nenhum limite de controle radiológico foi violado”, indicando que o fato não causaria dano à saúde da população no entorno da usina. O CNEN também reforçou que não foi identificado risco à população ou ao meio ambiente.

    Ainda segundo o Ibama, foi descumprido um dispositivo que determina que “os acidentes ambientais deverão ser comunicados via Sistema Nacional de Emergências Ambientais – SIEMA, imediatamente após o ocorrido”.

    O MPF questiona a postura da empresa e aponta evidências de que teria havido tentativa de esconder o vazamento.

    Segundo o procurador da República Aldo de Campos Costa, autor da ação, “a ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal é um importante passo para assegurar às comunidades afetadas pelo acidente nuclear o direito de expressar preocupações e fazer perguntas.”

    O que diz a Eletronuclear

    Segundo a Eletronuclear, no dia 16 de setembro foi feita “liberação não programada de um pequeno volume de água contendo substâncias de baixo teor de radioatividade”.

    Porém, de acordo a companhia, os valores da liberação estariam abaixo dos limites para ser considerada um acidente, seguindo a legislação. Assim, o caso foi tratado como um “incidente operacional”, informado nos relatórios regulares previstos.

    A empresa ressaltou ainda que intensificou por conta própria e, depois, por demanda do Ibama, monitoração radiológica no local de despejo das águas fluviais “sem encontrar nenhum resultado significativo”.

    Por fim, a Eletronuclear disse que respeita a avaliação dos técnicos do Ibama, ms que vai recorrer da decisão, entendendo que cumpriu o que é determinado pela legislação.